Número 11 (jan-jun/09) - Dialogarts - Uerj
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senta-se o assunto a ser discutido, no desenvolvimento as informações acerca do que é pertinente para a construção da argumentação e por fim a conclusão, momento que pode-se retomar a idéia geral apresentada na introdução ou apresentar uma solução, ou possível solução, para determinado problema discutido ao longo do texto. Pelas considerações da professora, é possível perceber que ela compartilha das idéias teóricas apresentadas pelo LD, ambos, aparentemente, orientados pelas afirmações de Toulmin ([1958]2006). Dando continuidade à aula, a professora lança nova pergunta aos alunos. (3) 7 Pr: Ok, turma, agora me digam o que é argumentar. 8 Al: É questionar. 9 Al: Eu acho que é assim, comentar alguma coisa. 10 Al: É expor as idéias, professora. 11 Pr: Tá. E o que se pretende quando se argumenta? 12 Al: Pretende mostrar um ponto de vista. 13 Pr: Ok. E o que é persuasão? 14 Al: Persuadir é convencer, professora. 15 Pr: Exatamente isso. O aval positivo da professora, mais uma vez, indica a forte influência do LD, tanto na sua prática, quanto no conhecimento prévio dos alunos. Digo isso pelo fato de que o LD já havia dado indícios de confusão entre os conceitos persuasão e convicção, como já discuti antes. A professora não percebeu que houve confusão por parte do LD na forma de encarar o que é persuadir e o que é convencer. Ocorre que a professora apresenta outra opção de modalidade textual: o texto dissertativo argumentativo, não apresentado pelo LD. Certamente por conta das afirmações do LD sobre o fato de a dissertação e 12. Isso ocorre nas considerações do LD sobre o editorial, o artigo de opinião e a dissertação escolar (9° ano). Caderno Seminal Digital, Ano 15, Nº 11, V 11, ( Jan / Jun 2009) - ISSN 1806-9142 68
a argumentação serem iguais. Em sua explanação, a professora melho- ra as considerações do LD em relação à confusão entre a persuasão e a convicção. (4) 16 Pr: Bom, pessoal, até agora a gente tava vendo esses textos e tem falado do texto dissertativo, que é esse texto que traz a apresentação de um ponto de vista, mostrando o que a pessoa pensa sobre alguma coisa, né? É uma dissertação mais expositiva. Ok. A partir de agora a gente vai falar de um outro texto, diferente, o texto dissertativo argumentativo. O que é esse texto? É aquele que tem a finalidade de convencer, ou fazer o outro olhar certo fato com outro olhar. Convencer, pessoal, é fazer com que o outro aceite um ponto de vista como sendo verdadeiro, ta? Então essa dissertação argumentativa tem uma idéia e defesa de um ponto de vista com a apresentação de argumentos, certo? Como ela não menciona o fato de que no campo da convicção é preciso que haja mudança de um ponto de vista já definido, indica diferença quanto ao que alguns teóricos entendem ser persuadir e convencer 13 . A professora então relembrou com os alunos a leitura feita em aulas anteriores do texto “Ela tem alma de pomba”, de Rubem Braga (In: CEREJA e MAGALHÃES: 2002, p.226). O texto, apesar de ser uma crônica, apresenta alguns argumentos de seu autor acerca do fato de que para alguns a televisão é pura diversão, ao passo que para outros é uma forma de manipular e controlar as pessoas. A intenção da professora era fazer com que os alunos percebessem que a argumentação e a apresentação de pontos de vista são inerentes a qualquer texto, indo ao encontro das idéias de Koch (1996), para quem a argumentatividade é algo inerente à própria língua, não podendo ser acrescentada a ela, posteriormente, em determinadas situações de interação. 13. Persuadir (do lat. persuadere – per + suadere, sendo que per significa “de modo completo”, e suadere “aconselhar” [não impor]) consiste em levar alguém a crer, a aceitar ou decidir fazer algo, agir, sem que daí decorra, necessariamente, uma intenção de iludi-lo ou prejudicá-lo, tampouco a de desvalorizar a sua aptidão cognitiva e acional (AUGUSTO, 2006). Convicção vem de cum+vicere = vencer o opositor com sua participação. Tecnicamente denota convencer a mente através de provas lógicas: indutivas (exemplos ou dedutivas (argumentos), levando alguém a acreditar naquilo que dizemos. Assemelha-se, nas palavras de Augusto (2006) a docere (ensinar). Convencer é fazer alguém pensar como nós, mas não só. Ao se convencer, esse alguém muda de atitude, de postura, sua opinião primária é vencida. Caderno Seminal Digital, Ano 15, Nº 11, V 11, ( Jan / Jun 2009) - ISSN 1806-9142 69
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Pelas considerações da professora, é possível perceber que ela<br />
compartilha das idéias teóricas apresentadas pelo LD, ambos, aparentemente,<br />
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Dando continuidade à aula, a professora lança nova pergunta aos<br />
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7 Pr: Ok, turma, agora me digam o que é argumentar.<br />
8 Al: É questionar.<br />
9 Al: Eu acho que é assim, comentar alguma coisa.<br />
10 Al: É expor as idéias, professora.<br />
<strong>11</strong> Pr: Tá. E o que se pretende quando se argumenta?<br />
12 Al: Pretende mostrar um ponto de vista.<br />
13 Pr: Ok. E o que é persuasão?<br />
14 Al: Persuadir é convencer, professora.<br />
15 Pr: Exatamente isso.<br />
O aval positivo da professora, mais uma vez, indica a forte influência<br />
do LD, tanto na sua prática, quanto no conhecimento prévio dos<br />
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professora não percebeu que houve confusão por parte do LD na forma<br />
de encarar o que é persuadir e o que é convencer.<br />
Ocorre que a professora apresenta outra opção de modalidade textual:<br />
o texto dissertativo argumentativo, não apresentado pelo LD. Certamente<br />
por conta das afirmações do LD sobre o fato de a dissertação e<br />
12. Isso ocorre nas considerações do LD sobre o editorial, o artigo de opinião e a dissertação escolar (9° ano).<br />
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