Número 11 (jan-jun/09) - Dialogarts - Uerj
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ção: tornar o texto mais criativo (jornal A), mais claro (jornal B) e sin- tetizar idéias (jornal C). Só foi possível entrevistar os chefes das equipes de editorialistas. No entanto, sabe-se que cada produtor de texto tem seu estilo próprio; daí as diferenças entre editoriais do mesmo jornal. O ideal era que o autor de cada texto explicasse suas intenções ao empregar as metáforas. Percebeu-se que os editorialistas nem sempre estão conscientes dos diferentes valores da metáfora, já que, em princípio, usam a língua como instrumento de trabalho, mas não costumam proceder à análise detalhada dela como o fazem os pesquisadores da linguagem. Os jornalistas, no entanto, precisam estar cientes de que, no jornal, podem ser empregadas expressões metafóricas de uso mais comum que não prejudicam a clareza e que ainda podem atender a diferentes intenções discursivas. Nesta pesquisa, defendeu-se que as metáforas podem despertar imagens familiares para que os leitores, com base no contexto, possam criar os sentidos possíveis do texto. Ao utilizar as metáforas, conscientemente ou não, os editorialistas acabam por evocar imagens que facilitam a compreensão e adesão dos seus leitores. Uma das primeiras dificuldades da pesquisa foi determinar que palavras estavam sendo usadas como metáforas, pois muitos usos já estão incorporados à linguagem cotidiana a ponto de os falantes não mais senti-los como “diferentes”. Por isso, para fazer o levantamento dos casos de metáforas no corpus, partiu-se da intuição de falante da pesquisadora e do seu conhecimento teórico sobre a língua, mas buscou-se comprovação em um dicionário da língua portuguesa contemporânea (FERREIRA, 1987) e em um dicionário etimológico (CUNHA, 1982). A partir disso, procurou-se perceber se os textos do corpus apresentavam uma “isotopia figurativa” que viesse a reforçar os pontos de vista dos editorialistas. Houve textos em que a maioria das metáforas Caderno Seminal Digital, Ano 15, Nº 11, V 11, ( Jan / Jun 2009) - ISSN 1806-9142 168
pôde ser agrupada em campos de significação dominantes; em outros, isso não foi possível. Nestes, embora os termos metafóricos, em geral, não destoassem das intenções dos produtores de textos, pareciam dissociados semanticamente entre si e das imagens criadas pelos outros elementos lexicais. Isso poderia significar um menor rigor na seleção lexical e/ou um uso menos consciente da metáfora. Uma vez encontradas as metáforas e observada a existência de efeitos argumentativos, partiu-se para a análise dos frames ativados. Como não havia uma classificação de frames para tomar como modelo, a pesquisa propôs algumas denominações conforme as imagens básicas evocadas pelas metáforas no contexto. Durante essa fase, percebeu-se que era difícil evitar a subjetividade. O conteúdo de uma metáfora é fortemente determinado pelas crenças dos interlocutores sobre a realidade (SEARLE: 1995). Por extensão, pode-se afirmar que as imagens por elas evocadas estão muito relacionadas às experiências pessoais e culturais. Portanto, para tentar assegurar uma maior objetividade na pesquisa, as metáforas foram submetidas à apreciação de três informantes, leitores assíduos de jornal. Reconheceu-se, no entanto, que nem com essa medida era possível alcançar uma precisão absoluta. Os informantes, em separado, direcionados pela pesquisadora, analisaram os enunciados em que as metáforas apareciam, sendo levados a tentar exprimir, em uma palavra, a imagem/conceito que estas lhes traziam à mente. Muitas vezes, para eles, a tarefa foi difícil, mas, a partir de sugestões da pesquisadora, acabavam por chegar a um consenso. Poucos foram os casos em que houve divergências nas respostas. Se os informantes divergissem, prevalecia a denominação com que a maioria concordava. O trabalho de determinar a relação entre as metáforas e as ima- Caderno Seminal Digital, Ano 15, Nº 11, V 11, ( Jan / Jun 2009) - ISSN 1806-9142 169
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Só foi possível entrevistar os chefes das equipes de editorialistas.<br />
No entanto, sabe-se que cada produtor de texto tem seu estilo próprio;<br />
daí as diferenças entre editoriais do mesmo jornal. O ideal era que o autor<br />
de cada texto explicasse suas intenções ao empregar as metáforas.<br />
Percebeu-se que os editorialistas nem sempre estão conscientes dos<br />
diferentes valores da metáfora, já que, em princípio, usam a língua como<br />
instrumento de trabalho, mas não costumam proceder à análise detalhada<br />
dela como o fazem os pesquisadores da linguagem. Os jornalistas, no<br />
entanto, precisam estar cientes de que, no jornal, podem ser empregadas<br />
expressões metafóricas de uso mais comum que não prejudicam a clareza<br />
e que ainda podem atender a diferentes intenções discursivas.<br />
Nesta pesquisa, defendeu-se que as metáforas podem despertar<br />
imagens familiares para que os leitores, com base no contexto, possam<br />
criar os sentidos possíveis do texto. Ao utilizar as metáforas, conscientemente<br />
ou não, os editorialistas acabam por evocar imagens que facilitam<br />
a compreensão e adesão dos seus leitores.<br />
Uma das primeiras dificuldades da pesquisa foi determinar que<br />
palavras estavam sendo usadas como metáforas, pois muitos usos já estão<br />
incorporados à linguagem cotidiana a ponto de os falantes não mais<br />
senti-los como “diferentes”. Por isso, para fazer o levantamento dos casos<br />
de metáforas no corpus, partiu-se da intuição de falante da pesquisadora<br />
e do seu conhecimento teórico sobre a língua, mas buscou-se<br />
comprovação em um dicionário da língua portuguesa contemporânea<br />
(FERREIRA, 1987) e em um dicionário etimológico (CUNHA, 1982).<br />
A partir disso, procurou-se perceber se os textos do corpus apresentavam<br />
uma “isotopia figurativa” que viesse a reforçar os pontos de<br />
vista dos editorialistas. Houve textos em que a maioria das metáforas<br />
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