Número 11 (jan-jun/09) - Dialogarts - Uerj
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mentativo. Além disso, considerou que essa figura representa um pro- cesso de associação entre dois domínios cognitivos, o que acarreta a transposição de um elemento semântico de um campo a outro. O valor argumentativo da metáfora estaria na sua capacidade de ativar imagens, ou frames, que fariam com que o ouvinte/leitor pudesse relacionar suas experiências com as opiniões do produtor do texto. Este poderia, então, atingir racional e emocionalmente o seu interlocutor e, dessa forma, conseguir sua adesão à tese proposta. Partindo dessas hipóteses e da análise de um corpus composto de 15 editoriais impressos, a investigação teve como objetivo inicial averiguar se a metáfora é normalmente empregada como recurso argumentativo nesse gênero de texto. Uma vez detectado seu uso, procurou-se, então, observar os seguintes aspectos da questão: a) com que freqüência as metáforas são utilizadas em editoriais. Não havia intenção de quantificar as ocorrências, mas apenas de perceber uma maior ou menor tendência de uso das metáforas nesse gênero textual; b) que frames são comumente ativados pelas metáforas em editoriais. Para isso, no decorrer da análise, foi proposta uma classificação para esses frames; c) como esses frames se relacionam com as intenções dos editorialistas. Para atingir esses objetivos, foi primeiramente necessário selecionar editoriais em que houvesse metáforas. Optou-se por analisar editoriais da época (2003 e 2004) de três jornais de grande circulação no eixo Rio-São Paulo. Esses jornais foram escolhidos por serem destinados a leitores de classes sociais com melhor índice de escolaridade e, portanto, supostamente mais exigentes quanto à qualidade dos textos. Como a pesquisa não tinha intenções quantitativas, decidiu-se analisar quinze editoriais, cinco de cada jornal, escolhidos com base em um critério: os editoriais deviam conter algumas metáforas pouco comuns além das do uso cotidiano. Caderno Seminal Digital, Ano 15, Nº 11, V 11, ( Jan / Jun 2009) - ISSN 1806-9142 164
Na análise, evidenciaram-se os pontos de vistas defendidos, as metá- foras utilizadas, os sentidos adquiridos por estas nos contextos, os frames por elas ativados e sua contribuição para reforçar as intenções dos autores. Para garantir uma maior objetividade na pesquisa, as metáforas foram submetidas à apreciação de três informantes, leitores assíduos de jornal. Os informantes, em separado, direcionados pela pesquisadora, deveriam analisar as metáforas e tentar exprimir, em uma palavra, a imagem/conceito que estas lhes traziam à mente. Em seguida, complementaram-se as conclusões da análise dos textos com informações fornecidas por editorialistas dos três veículos pesquisados e por opiniões de outros cinco jornalistas sobre o editorial e o uso de metáforas nesse gênero de texto. As entrevistas aos editorialistas partiram das seguintes perguntas: a) Quem escreve os editoriais (equipe do jornal, convidados de diferentes áreas etc.)?; b) Quais são as normas básicas de produção de editoriais quanto à linguagem?; c) Por que são utilizadas expressões metafóricas nos editoriais (ex: “A violência é um espinho cravado nos nervos da população.” ou “O projeto recebeu pesado bombardeio.”)? Com essas entrevistas, esperava-se não só conseguir informações mais específicas sobre os editoriais, mas também descobrir se os editorialistas tinham plena consciência do valor argumentativo da metáfora. Os cinco jornalistas, por sua vez, responderam questionário com as seguintes perguntas: a) Há quanto tempo é jornalista?; b) Que funções já exerceu/exerce no jornalismo?; c) Na sua formação acadêmica, o que lhe foi ensinado sobre editoriais?; d) Como deve ser a linguagem utilizada em editoriais? Por quê?; e) O que pensa sobre o uso de metáforas em editoriais (ex: “A violência é um espinho agudo cravado nos nervos da população” ou “O projeto recebeu pesado bombardeio”)? Com esse questionário, objetivava-se saber que conhecimentos teóri- Caderno Seminal Digital, Ano 15, Nº 11, V 11, ( Jan / Jun 2009) - ISSN 1806-9142 165
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de uso das metáforas nesse gênero textual; b) que frames são comumente<br />
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da análise, foi proposta uma classificação para esses frames; c) como esses<br />
frames se relacionam com as intenções dos editorialistas.<br />
Para atingir esses objetivos, foi primeiramente necessário selecionar<br />
editoriais em que houvesse metáforas. Optou-se por analisar<br />
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no eixo Rio-São Paulo. Esses jornais foram escolhidos por serem destinados<br />
a leitores de classes sociais com melhor índice de escolaridade<br />
e, portanto, supostamente mais exigentes quanto à qualidade dos<br />
textos. Como a pesquisa não tinha intenções quantitativas, decidiu-se<br />
analisar quinze editoriais, cinco de cada jornal, escolhidos com base<br />
em um critério: os editoriais deviam conter algumas metáforas pouco<br />
comuns além das do uso cotidiano.<br />
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