MAPA DA VIOLÊNCIA 2012 CRIANÇAS E ADOLESCENTES DO BRASIL
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<strong>MAPA</strong> <strong>DA</strong> <strong>VIOLÊNCIA</strong> <strong>2012</strong><br />
“vadia”; o adolescente vira marginal, delinquente, drogado, traficante; aceitabilidade<br />
de castigos físicos ou punições morais com função “disciplinadora” por parte das famílias<br />
ou instituições, etc. A própria existência de leis ou mecanismos específicos de<br />
proteção: estatutos da criança, do adolescente, do idoso; Lei Maria da Penha, ações<br />
afirmativas, etc. indicam claramente as desigualdades e a vulnerabilidade existente;<br />
2 - dessa forma, uma determinada dose de violência, que varia de acordo com a época, o<br />
grupo social e o local, torna-se aceito e até necessário, inclusive por aquelas pessoas<br />
e instituições que teriam a obrigação e responsabilidade de protegê-los.<br />
Um outro fato altamente preocupante constatado no estudo é a pronunciada diferença<br />
evolutiva entre as causas naturais e as externas na letalidade de crianças e adolescentes. Explicada<br />
pelos avanços na cobertura do sistema de saúde, de saneamento básico e educacional do<br />
país, pela melhoria das condições de vida da população, dentre diversos outros fatores, a mortalidade<br />
por causas naturais evidenciou drástico declínio nas três décadas analisadas. Contrabalançando<br />
essas quedas, as causas externas evidenciam crescimento, principalmente a partir<br />
do ano 2006. Em 2010 foram responsáveis por mais da metade do total de óbitos de crianças e<br />
adolescentes com um ano ou mais de idade.<br />
Esmiuçando as causas externas nas três décadas estudadas, o aumento observado das<br />
taxas foi insignificante no caso de vítimas de acidentes de transporte – 7% - e infinitamente<br />
maior nos homicídios: 346%. O fato comum nas duas é que tanto os números quanto as taxas<br />
são bem mais elevadas nos extremos na escala etária. Mais elevados nos dois primeiros anos<br />
de vida das crianças, depois caem progressivamente, mas voltam a crescer e de forma drástica<br />
a partir dos 13 anos de idade. Esses dois índices representavam, em 2010, acima de 70% dos<br />
óbitos por causas externas e, longe de diminuir, sua tendência natural é aumentar ainda mais.<br />
O homicídio, de incidência relativamente limitada na década de 80, virou o principal<br />
causante de mortalidade entre crianças e adolescentes representando, isoladamente, 11,5% do<br />
total de mortes nessa faixa. Para melhor dimensionar seu significado, podemos colocar que a<br />
segunda causa individual, as neoplasias ou tumores, representam 7,8% e a terceira, doenças do<br />
aparelho respiratório, 6,6%. Como apontávamos, a íngreme escalada de violência inicia-se nos<br />
12 anos de idade e leva os índices a níveis decididamente inaceitáveis: nos 18 anos de idade, a<br />
taxa eleva-se para 58,2 homicídios para cada 100 mil jovens/adolescentes. A gravidade dessa<br />
situação pode ser melhor dimensionada ao verificar que esse íngreme crescimento na adolescência<br />
levaram ao Brasil a ocupar um funesto quarto lugar entre os 92 países do mundo, segundo<br />
dados da Organização Mundial da Saúde, tanto na faixa de 10 a 14 anos de idade, quanto na<br />
dos 15 aos 19 anos.<br />
Se a média nacional em 2010 foi de 13,8 homicídios para cada 100 mil crianças e adolescentes,<br />
a realidade nos apresenta situações bem diferenciadas:<br />
• entre Unidades Federativas: com extremos que vão de Alagoas e Espírito Santo, com<br />
taxas de 34,8 e 33,8 respectivamente até Piauí e São Paulo, com taxas de 3,6 e 5,4<br />
respectivamente, isto é, entre os extremos de Alagoas e Piauí, taxas 10 vezes maiores;<br />
• entre as capitais as distâncias são maiores ainda: a taxa de Maceió: 79,8 homicídios<br />
cada 100 mil crianças e adolescentes multiplica 15 vezes a de São Paulo: taxa de 5,3;<br />
• ainda maiores são as diferenças quando descemos para o nível dos municípios:<br />
tecnicamente infinita a distância entre os municípios extremos, como Lauro de Freitas<br />
ou Simões Filho, ambos na Bahia, e os 4.273 – 77% dos municípios do país - que não<br />
registraram nenhum assassinato de criança ou adolescente no ano de 2010 (ou com<br />
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