MAPA DA VIOLÊNCIA 2012 CRIANÇAS E ADOLESCENTES DO BRASIL
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<strong>MAPA</strong> <strong>DA</strong> <strong>VIOLÊNCIA</strong> <strong>2012</strong><br />
nas escolas etc.. Essas formas de violência estão migrando da esfera do estritamente privado para<br />
sua consideração como fatos públicos, merecedores de sanção social. E estamos nessa transição.<br />
Ainda que existam dificuldades para definir o que se nomeia como violência, alguns elementos<br />
consensuais sobre o tema podem ser delimitados: a noção de coerção ou força; o dano que<br />
se produz em indivíduo ou grupo de indivíduos pertencentes à determinada classe ou categoria social,<br />
gênero ou etnia. Concorda-se, neste trabalho, com o conceito de que “há violência quando, em<br />
uma situação de interação, um ou vários atores agem de maneira direta ou indireta, maciça ou esparsa,<br />
causando danos a uma ou a mais pessoas em graus variáveis, seja em sua integridade física,<br />
seja em sua integridade moral, em suas posses, ou em suas participações simbólicas e culturais” 5 .<br />
Ainda devemos especificar nosso entendimento, ao longo do presente estudo, do conceito<br />
criança e adolescente. A Lei 8.069, de 13 julho de 1990, que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do<br />
Adolescente, considera criança a pessoa até doze anos de idade incompletos e adolescente aquela<br />
entre doze e dezoito anos de idade. Mas existem sérias dificuldades para desagregar as informações<br />
disponíveis usando esses cortes etários, principalmente os dados de população para os anos intercensitários,<br />
vitais para o cálculo das taxas que possibilitam colocar numa base comum anos ou áreas<br />
geográficas diferentes. Por tal motivo, enquanto não existe outra possibilidade, deveremos utilizar<br />
cortes etários quinquenais: 0 a 4 anos; 5 a 9 anos; 10 a 14 anos; e 15 a 19 anos de idade. Nesses casos,<br />
ao falar de crianças e adolescentes, utilizaremos como proxi, a faixa de 0 aos 19 anos de idade.<br />
1.2. Causas externas, evitabilidade e violência estrutural<br />
O eixo central do presente estudo deverão ser as denominadas causas externas de mortalidade,<br />
que ceifam a vida de milhares de crianças e adolescentes do país. Em primeiro lugar, deveríamos explicar<br />
o motivo de centrar o estudo sobre as causas externas de mortalidade de crianças e adolescentes.<br />
Como veremos nos capítulos a seguir, as causas externas de mortalidade vêm crescendo<br />
de forma assustadora nas últimas décadas: se, em 1980, representavam 6,7% do total de óbitos<br />
nessa faixa etária, em 2010, a participação elevou-se de forma preocupante: atingiu o patamar<br />
de 26,5%. Tal é o peso das causas externas que em 2010 foram responsáveis por 53,2% - acima<br />
da metade – do total de mortes na faixa de 1 a 19 anos de idade6 . Só para se ter idéia do significado:<br />
a segunda causa individual: neoplasias – tumores – representam 7,8%; e a terceira, doenças<br />
do aparelho respiratório: 6,6%. Isoladamente, homicídios de crianças e adolescentes, que<br />
fazem parte das causas externas, foram responsáveis por 22,5% de total de óbitos nessa faixa.<br />
Diferentemente das chamadas causas naturais, indicativas de deterioração do organismo<br />
ou da saúde devido a doenças e/ou ao envelhecimento, as causas externas remetem a fatores<br />
independentes do organismo humano, fatores que provocam lesões ou agravos à saúde que<br />
levam à morte do indivíduo. Essas causas externas englobam um variado conjunto de circunstâncias,<br />
algumas tidas como acidentais – mortes no trânsito, quedas fatais etc. –, outras como<br />
violentas – homicídios, suicídios etc.. Por isso, um dos nomes atribuídos a esse conjunto é o de<br />
acidentes e violências ou, em outros casos, simplesmente violências, dividindo a mortalidade em<br />
dois grandes campos: o das mortes naturais e o das violentas. Mas não seria um contrassenso<br />
incluir acidentes no campo das violências, como pretendemos neste estudo?<br />
Entende-se por acidente aquilo que é casual, fortuito, imprevisto, não planejado. Quando<br />
esse imprevisto origina um dano grave ou leva à morte, converte-se numa fatalidade, obra do<br />
5 MICHAUD, Y. A violência. Ática: São Paulo, 1989.<br />
6 Com menos de um ano de idade, a principal causa de morte são as afecções no período perinatal – primeira semana<br />
de vida -, tais como traumatismo de parto ou transtornos no recém-nascido.<br />
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