06.05.2013 Views

68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

clandestinidade estava preso ou no exílio) e elegeu o Abissâmara presidente. Depois de<br />

uma dura discussão internamente na fração comunista da UNE e desta com a Seção<br />

Juvenil, decidimos aceitar tal intervenção, com o compromisso de realizar pública e<br />

democraticamente o Congresso, em 1965, em São Paulo.<br />

Dos antigos membros da Diretoria e participantes iniciais da fração, Farias voltou para o<br />

Ceará, Firmo Justino já tinha retornado à Paraíba e Jurandir Bóia fora preso na casa de<br />

Pedro Porfírio e no lugar dele.<br />

Realizamos o Congresso na Politécnica. Venceu a Ação Popular. O PCB se recusou a entrar<br />

na diretoria (eu seria o vice de assuntos nacionais e fui o responsável e defensor, em<br />

plenário da proposta de não participar) uma vez <strong>que</strong> a AP decidira formar a chapa antes<br />

de ser aprovado o programa de gestão. Foi eleita a chapa presidida por um apagado<br />

estudante paulista de nome Xavier, <strong>que</strong> “desbundou” logo e a entidade passou a ser<br />

dirigida pelo “independente” (da AP) Altino Dantas, <strong>que</strong>, mais tarde, iria criar o PRT (é isso<br />

mesmo) com o ex-presidente (fantástico!) da UNE Vinícius Caldeira Brant.<br />

O Congresso foi público e ninguém foi preso. Os jornais noticiaram. Eu acabei perdendo<br />

o emprego no Jornal do Commercio por<strong>que</strong> estava “doente” em casa e apareci<br />

discursando na primeira página do Diário de São Paulo (“co-irmão” do JC nos associados).<br />

Demissão justa, sem dúvida. Nunca reclamei.<br />

Para preparar o Congresso Nacional, foram realizados os Congressos da UEE. O daqui<br />

aconteceu no Calabouço, aberta e democraticamente. Tão democraticamente, <strong>que</strong> a<br />

Dissidência (já em gestação) ganhou e para a fração comunista da bancada estadual<br />

quase todos eram definidamente Dissidentes. O mais fiel à linha nacional do Partido era<br />

eu, <strong>que</strong> fui apontado, por todos, para ser o porta-voz (coordenador) da fração e da<br />

bancada carioca. Não aceitei por<strong>que</strong> só chegaria no terceiro dia. Então, indicamos o Técio<br />

Lins e Silva. Outros da fração eram o nosso <strong>que</strong>rido Lincoln Bicalho Ro<strong>que</strong> e o André da<br />

Arquitetura (não recordo o sobrenome, perdoem-me).<br />

Se não dermos nomes aos bois e encararmos o mais aberta e precisamente os fatos,<br />

penso, continuaremos a acreditar <strong>que</strong> basta pôr um operário e alguns sindicalistas e<br />

intelectuais no Governo para <strong>que</strong> as coisas mudem essencialmente.<br />

Já desabafei demais.<br />

98

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!