06.05.2013 Views

68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

degraus, toda suja de tinta, <strong>que</strong> tínhamos visto durante o dia, quando passamos na porta<br />

da obra.<br />

Era muito tarde. Nós nos despedimos do pessoal no Oklahoma e fingimos <strong>que</strong> íamos<br />

embora para casa. Deixamos o local e fomos discretamente ao tal prédio em construção.<br />

Penetramos, sorrateiramente, na obra e escapamos com a escada nas mãos, cada um<br />

segurando uma ponta da dita cuja. Saímos andando pela calçada, olhando para a frente,<br />

disfarçando... Para o nosso azar, o pessoal, <strong>que</strong> ainda não tinha ido embora, nos viu e fez<br />

o maior escarcéu. “Ei, vocês! Que escada é essa? Vão trepar, hem?” Sei <strong>que</strong> começamos a<br />

correr pela calçada estreita, um horror! Eles, do Oklahoma, aos berros e às gargalhadas, e<br />

nós, arfantes, quase perdendo o fôlego sem largar a escada... Que sufoco!<br />

Dois ou três meses mais tarde, por causa da falta d’água, rescindimos o contrato de<br />

aluguel e entregamos a casa. Fomos o Ro e eu para outro coletivo em Santa Teresa, onde<br />

eu comecei a dieta número sete da macrobiótica – dez dias de arroz integral – somente<br />

arroz, pelo menos com cin<strong>que</strong>nta mastigadas para cada colherada ou garfada. No final<br />

do sétimo dia, não aguentei e desbundei. Enchi o saco e comi uma fruta...<br />

Tempos ingênuos e muito férteis. O futuro era nosso.<br />

2.3 Meu aMiGo elMar<br />

Eu por aqui vou indo muito bem, de vez em quando brinco carnaval<br />

E vou vivendo assim: felicidade na cidade <strong>que</strong> eu plantei pra mim<br />

E <strong>que</strong> não tem mais fim, não tem mais fim, não tem mais fim”<br />

(Torquato Neto em Mamãe, Coragem)<br />

Affonso Henri<strong>que</strong>s<br />

Conheço Elmar desde 1967, quando nos reuníamos no Jardim Botânico para ativar um<br />

movimento cultural. Reencontrei-o somente em 1999, quando eu vivia isolado de todos<br />

a<strong>que</strong>les <strong>que</strong> tiveram passado idêntico ao meu.<br />

Da<strong>que</strong>le dia em diante, quando ele vinha ao Rio duas a três vezes por ano, eu encontrava<br />

pessoas deste passado do qual me orgulho. Geralmente, a cada visita, os contatos eram<br />

diferentes. Porém, o mais importante: nunca mais fi<strong>que</strong>i isolado da<strong>que</strong>les <strong>que</strong>, na<br />

<strong>68</strong> a geraçao <strong>que</strong> <strong>que</strong>ria mudar o mundo: <strong>relatos</strong> relaToS - <strong>Geração</strong> reBelDe 79

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!