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68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

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escolas de samba... Conversávamos sobre os Festivais das Canções <strong>que</strong>, a partir de 1965,<br />

tinham revelado ao grande público artistas como: Milton Nascimento, Chico Buar<strong>que</strong>,<br />

Sérgio Ricardo, Nara Leão, Paulinho da Viola, Edu Lobo, Gil, Caetano, Elis Regina, Geraldo<br />

Vandré.<br />

Nesse ínterim, por volta de 1967, florescera o Tropicalismo, movimento cultural <strong>que</strong>, com<br />

bom humor, criticava quais<strong>que</strong>r tipos de conservadorismo, especialmente, os<br />

comportamentais. Os tropicalistas atuaram nas artes plásticas, no teatro, na literatura,<br />

no cinema e, principalmente, na música. Destacaram-se intelectuais e artistas como, por<br />

exemplo, Hélio Oiticica, Torquato Neto, Rogério Duarte, Gilberto Gil, Caetano Veloso,<br />

Rogério Duprat, Glauber Rocha, Rogério Sganzerla, José Celso Martinez Correa.<br />

Comentávamos, no Oklahoma, a guerra do Vietnam, os escritos de Marcuse, McLuhan,<br />

Lévi-Strauss, Sartre... Éramos otimistas inveterados! Tínhamos completa e indiscutível<br />

certeza de <strong>que</strong> mudaríamos os rumos da política mundial, <strong>que</strong> construiríamos uma<br />

sociedade mais justa, sem desigualdades. Todo mundo falando alto ou aos sussurros,<br />

conforme o assunto. Muito barulho vozes humanas jovens. Vida. Tomávamos chope. Eu<br />

sempre pedia um sanduíche americano sem ovo. Acho <strong>que</strong> também comíamos batatas<br />

fritas.<br />

Nessa época, eu tinha recém saído da casa dos meus pais para morar na casa da Creusinha,<br />

amiga da faculdade, cujos pais estavam, há meses, viajando. Eu dormia no sofá-cama da<br />

sala. A<strong>que</strong>le apartamento cheio de jovens, no Grajaú, era um verdadeiro “aparelho”.<br />

Parece <strong>que</strong> o pai da Creusinha achava <strong>que</strong> a casa dele tinha virado um antro de comunistas<br />

e de depravação. Na verdade, para nós, era tudo muito natural. O rompimento da<strong>que</strong>les<br />

valores impostos pelas famílias, pela igreja, pela ditadura, pela moral pe<strong>que</strong>no-burguesa<br />

fluía.<br />

Ficávamos acordados até as altas madrugadas em reuniões políticas, literárias, musicais<br />

com muita alegria e desprendimento. Era muito divertido e enri<strong>que</strong>cedor. Inicialmente,<br />

moravam a Creusinha, o irmão mais novo, Fausto, e um primo sergipano de cujo nome<br />

não me lembro. Depois, cheguei eu. Entretanto, o pessoal da faculdade ia, praticamente,<br />

todo dia para lá, depois das aulas. Íamos eu, o Rô, o Castor, o Sidney, o Ricardo, a Miriam,<br />

um monte de gente.<br />

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