06.05.2013 Views

68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Proibições. Intimidações. Muita gente perseguida e presa. Silêncio obrigatório. Chico,<br />

Caetano e Gil seguem para o exílio. Toda a efervescência da<strong>que</strong>la geração fora abafada.<br />

Asfixia.<br />

O restaurante Oklahoma era nosso ponto de encontro e não o Lamas como <strong>que</strong>rem<br />

alguns. Em <strong>68</strong>, íamos menos ao Lamas, <strong>que</strong> ficava no Largo do Machado, ao lado do<br />

Pontes, outro restaurante. Na frente do Lamas, havia a<strong>que</strong>la belíssima bancada de frutas.<br />

Sempre <strong>que</strong> passava na porta, parava para apreciar. Muitas frutas. Coloridas. Todas as<br />

frutas. Lindas de ver e de comer. Nos fundos, a sinuca, ambiente masculino e, portanto,<br />

atraente.<br />

O cinema Paissandu, localizado na Rua Senador Vergueiro, no Flamengo, era ponto de<br />

encontro obrigatório. Lá, encontravam-se estudantes de todas as Faculdades do Rio. É<br />

bom <strong>que</strong> se registre <strong>que</strong>, na<strong>que</strong>la época, praticamente todas as faculdades eram púbicas,<br />

exceto a PUC, na Gávea, e a Gama Filho, <strong>que</strong> ficava em Pilares, e mais sei lá... Ainda não<br />

havia esta incontinência de faculdades e universidades particulares <strong>que</strong> há hoje. Ah! Eu<br />

estudava História na UEG – Universidade do Estado da Guanabara, hoje UERJ –<br />

Universidade do Estado do Rio de Janeiro, <strong>que</strong> ficava na Rua Haddock Lobo, na Tijuca. Fiz<br />

UEG por<strong>que</strong> o curso era meio noturno. Começava às 16h e acabava quando terminava.<br />

Como precisava ganhar meu pão sem manteiga, eu era professora primária de manhã.<br />

Trabalhava em uma escola situada nos “Cafundós do Judas”, expressão <strong>que</strong>, na época,<br />

indicava local longínquo e inóspito.<br />

Lecionava também no ensino particular, em uma escola <strong>que</strong> fundei em 1966 com algumas<br />

professoras quando cursava o primeiro ano da faculdade. Tinha feito Curso Normal, com<br />

a<strong>que</strong>le concurso difícil para o Instituto de Educação, como centenas de outras moças.<br />

Saíamos formadas, já trabalhando como professoras do Estado da Guanabara, cheias de<br />

gás. Muita atividade. <strong>Geração</strong> <strong>que</strong> <strong>que</strong>ria mudar o mundo. Prerrogativa de jovens da<strong>que</strong>la<br />

época: eu estudava, trabalhava muito, militava e ainda me divertia para caralho! Que<br />

fôlego!<br />

Quase ninguém tinha carro. Não me lembro de ninguém <strong>que</strong> tivesse carro próprio nessa<br />

época. Alguns poucos andavam no carro dos pais. Todo mundo andava de ônibus <strong>que</strong>,<br />

aliás, rodavam a noite toda. Sair à noite, não era problema para ninguém.<br />

Agora <strong>que</strong> estou escrevendo, lembrei! Eu e mais duas amigas, em 1966 ou 67, tivemos um<br />

carro comum. Compramos, juntas, uma Rural Willys, ano 58, se não me engano. Cada<br />

74

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!