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68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

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Os anos <strong>que</strong> pegaram os governos do Juscelino e do Jango, com o curto entreato do<br />

Jânio Quadros, foram, seguramente, os de mais fecunda criação artística e cultural no<br />

Brasil – uma avalanche de talentos <strong>que</strong> se estendeu e repercutiu até os primeiros tempos<br />

da ditadura. O clima de liberdade de criação e edição, a ausência de censura e o elevado<br />

crescimento econômico durante o mandato do Juscelino, favoreceram um<br />

desenvolvimento sem precedentes das artes, em todas as suas manifestações, e do estudo<br />

social, histórico e econômico do Brasil. Nessa época surgiu a Bossa Nova e o Cinema<br />

Novo. A música popular constituiu um terreno particularmente fértil, com o surgimento<br />

de um grande número de compositores extremamente talentosos, para não dizer geniais,<br />

como Chico Buar<strong>que</strong>, Tom Jobim, João Gilberto, Carlos Lira, Geraldo Vandré, Sérgio<br />

Ricardo, Edu Lobo, Gilberto Gil e Caetano Veloso. Na pintura, sobressaíram Portinari e Di<br />

Cavalcanti. Na arquitetura e no urbanismo, fomentados com a construção de Brasília,<br />

Oscar Niemeyer e Lúcio Costa. Na literatura, Jorge Amado, Guimarães Rosa, João Cabral<br />

de Melo Neto, Érico Veríssimo, Vinícius de Moraes e Clarice Lispector. Na dramaturgia,<br />

além da genialidade de um Nelson Rodrigues, o teatro engajado de Oduvaldo Viana Filho,<br />

no Rio, e de Gianfrancesco Guarnieri, em São Paulo. No cinema destacaram-se Nelson<br />

Pereira dos Santos, Glauber Rocha, Cacá Diegues, Rui Guerra e outros – havia muitos<br />

diretores no Cinema Novo.<br />

A Geografia Humana teve seu expoente em Josué de Castro (A Geografia da Fome), a<br />

História, em Nelson Werneck Sodré e a antropologia, em Darcy Ribeiro. Resta mencionar<br />

os grandes educadores Paulo Freire e Anísio Teixeira e o economista <strong>que</strong> equacionou o<br />

problema do subdesenvolvimento brasileiro e criou a SUDENE – Celso Furtado. Esses<br />

homens eram pensadores brasileiros originais e não meros papagaios do <strong>que</strong> se propalava<br />

na matriz norte-americana, como a maioria dos economistas e sociólogos <strong>que</strong> fizeram<br />

carreira sob o tacão da ditadura militar.<br />

Os nomes mencionados acima não pretendem esgotar o rol dos grandes intelectuais<br />

brasileiros, mas apenas relacionar os <strong>que</strong> foram mais representativos para a<strong>que</strong>les tempos.<br />

Esses artistas e estudiosos eram, em sua grande maioria, comunistas, socialistas ou<br />

homens de es<strong>que</strong>rda. Ser de es<strong>que</strong>rda, aqui, significa preocupar-se com as condições de<br />

vida do povão e com a subordinação econômica do país. Toda essa efervescência cultural<br />

foi, burramente, censurada, combatida, perseguida, dispersada e aniquilada pela ditadura<br />

instaurada em 1964.<br />

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