06.05.2013 Views

68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

do embaixador norte-americano Lincoln Gordon e seu adido militar, o coronel Vernon<br />

Walthers, da CIA. Ambos planejaram o golpe de Estado nos mínimos detalhes, debaixo<br />

dos narizes do governo legal, <strong>que</strong>, como é típico dos democratas latino-americanos, não<br />

teve a coragem de destruir os seus destruidores.<br />

Como já havia caracterizado Lenine, a covardia é o traço principal dos políticos burgueses.<br />

Eles sempre desejam ganhar tudo sem arriscar nada. E assim, caminhou-se para o golpe<br />

de 1964, <strong>que</strong> ceifou, para instalar um regime ilegal, mais de uma centena de vidas de<br />

brasileiros. Nascido banhado em sangue de estudantes e trabalhadores, esse regime não<br />

passaria de mais uma versão – desta vez udenista – militar – do retorno ao autoritarismo<br />

escravista de fachada liberal. Nos anos de sua existência (1964-1985), a ditadura<br />

continuou massacrando estudantes, pobres, pretos e trabalhadores. A violência<br />

governamental exterminou durante a ditadura mais de 150 mil brasileiros por motivos<br />

comuns, e cerca de 4 a 6 mil outros por motivos políticos. Como não houve uma vitória<br />

das forças democráticas contra a ditadura, tal situação jamais foi apurada. Os juízes,<br />

policiais e militares da ditadura, <strong>que</strong> massacraram os brasileiros durante 21 anos,<br />

continuaram em função, aposentando-se com polpudas remunerações. A lei da imprensa,<br />

fabricada pela “Constituição de 1988”, proíbe – na prática – a denúncia dos crimes<br />

cometidos pelas “autoridades” do Estado semifascista.<br />

Recentemente, por exemplo, uma menina de quinze anos foi descoberta numa cela<br />

masculina no Pará, onde era submetida a estupro pela “rapaziada” <strong>que</strong> lá se encontrava.<br />

A delegada (!) encarregada de apurar os estupros, declarou <strong>que</strong> o caso não era tão grave<br />

assim, <strong>que</strong> a menina nem era estuprada todos os dias (!) (Folha de São Paulo, 28 de<br />

novembro de 2007). O delegado-geral do Estado chamou a menina de “débil mental”. É<br />

nesse clima, submetido a autoridades <strong>que</strong> deviam haver sido julgadas em Nuremberg,<br />

<strong>que</strong> o povo brasileiro deve viver. Monitorados pelas criaturas da ditadura, os brasileiros<br />

parecem para sempre condenados à ausência de direitos, humanos e civis.<br />

Como em uma eterna fazenda de escravos, os brasileiros podem continuar comentando,<br />

quando assistem a alguém ser vitimado pelas “autoridades”:<br />

- Alguma coisa ele deve ter feito...<br />

- É triste, não é? Pois é. É triste.<br />

<strong>68</strong> a geraçao <strong>que</strong> <strong>que</strong>ria mudar o mundo: <strong>relatos</strong> ePÍloGo 669

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!