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68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

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(d) Uma vez <strong>que</strong> a taxa de lucro só poderia se expandir por conta da redução dos<br />

salários dos trabalhadores, sendo estes salários baixos, tornava-se evidente um<br />

limite superior para lucros adicionais para os capitalistas locais. Ou seja, o limite da<br />

taxa máxima de lucro se via pré-fixado pelo custo do capital importado desde o<br />

exterior. Para o PCB, isso consistia na manifestação concreta da Lei da Baixa<br />

Tendencial da Taxa de Lucro. Esta lei está no miolo do conceito marxista de crise<br />

econômica. Ela expressava o padrão cíclico de flutuação <strong>que</strong> a economia brasileira<br />

tinha na<strong>que</strong>la época (± 10 anos), com as crises de 1943-1945; 1953-1955; 1963-<br />

1965; 1973-1975, etc. Para o PCB, só uma mudança no sistema institucional<br />

(revolução democrática) poderia instaurar outro modelo, não-dependente.<br />

Assim, o PCB interpretava o baixo interesse da burguesia pela industrialização do país<br />

como resultado de: (1) preço elevado <strong>que</strong> tinha de pagar pelas importações de capital;<br />

(2) crescente encurtamento dos ciclos de tecnologia da produção, <strong>que</strong> consumia para a<br />

burguesia local uma (3) fatia crescente – e considerada excessiva – da taxa de lucro,<br />

quando em comparação com desempenho puramente de intermediação.<br />

Daí <strong>que</strong> o PCB preconizasse uma política de Estado favorável à industrialização, com um<br />

papel cada vez maior para o investimento público no setor produtivo.<br />

A industrialização ocorrida no Brasil entre 1932 e 1964 foi chamada de “substitutiva de<br />

importações”. Isso por<strong>que</strong>, com o colapso do comércio internacional na crise de 1929-<br />

1932, os preços dos gêneros exportados por países pobres como o Brasil caíram a cerca<br />

de 20% do valor <strong>que</strong> tinham antes da crise. Embora o país pudesse vender, praticamente<br />

não podia comprar. Só podia aliar-se a outros países em dificuldades para criar localmente<br />

algumas indústrias <strong>que</strong> substituíssem a produção <strong>que</strong> não podiam importar. Vargas<br />

achava <strong>que</strong> não era justo – por causa da crise do mundo liberal – deixar os brasileiros nus<br />

e comendo bananas. Por isso, aliou-se com a Itália de Mussolini e a Alemanha de Hitler.<br />

Significativamente, a primeira usina siderúrgica para Volta Redonda, financiada na<br />

Alemanha, foi posta a pi<strong>que</strong> no Atlântico (por <strong>que</strong>m?), quando o navio se dirigia ao<br />

Brasil. Somente anos mais tarde conseguiria o Brasil obter equipamento similar dos EUA,<br />

em troca da entrada do país na guerra contra o Eixo.<br />

Os chamados liberais brasileiros – filhos e netos da<strong>que</strong>les <strong>que</strong> administravam a escravidão<br />

do Império – não <strong>que</strong>riam <strong>que</strong> o país se industrializasse. Gudin afirmava – descoberta<br />

<strong>68</strong> a geraçao <strong>que</strong> <strong>que</strong>ria mudar o mundo: <strong>relatos</strong> ePÍloGo 667

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