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68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

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Uma das calúnias correntes da<strong>que</strong>la interessante época histórica (1954-1964) foi,<br />

portanto, a acusação de <strong>que</strong> o PCB “teleguiava” o programa político do PTB ou <strong>que</strong>,<br />

contrariamente, seria “teleguiado” pela CEPAL ou pela “burguesia nacional”. Como<br />

comenta Denílson Santos de Souza numa brilhante dissertação de mestrado (As correntes<br />

de Prometeu: o pensamento econômico da es<strong>que</strong>rda brasileira. 1954-1961; FFLCH –<br />

USP, 2002), ambos se influenciaram reciprocamente sem haver, contudo, em qual<strong>que</strong>r<br />

momento, perdido cada qual seu pensamento autônomo ou a capacidade de produzir tal<br />

pensamento.<br />

Os dois principais teóricos comunistas da América Latina no período, Mário Alves<br />

(brasileiro) e Ródnei Arismendi (uruguaio), advogavam alianças com as burguesias<br />

industrialistas locais, mas também defendiam uma interpretação independente marxista<br />

para o caráter da crise, <strong>que</strong> consideravam “permanente”, na<strong>que</strong>las circunstâncias. Eram<br />

traços da interpretação do PCB:<br />

666<br />

(a) A teoria da crise permanente – segundo esta leitura, o país vivia em uma crise<br />

permanente, devido à incapacidade da burguesia local de obter para o país um<br />

desenvolvimento independente. Semelhante burguesia tendia a investir em<br />

atividades tradicionais, em mercadorias de baixo valor relativo pelos custos dos<br />

fretes, etc. Nessas condições, não havia uma revolução industrial no país baseada<br />

em forças endógenas. A revolução industrial <strong>que</strong> podia ocorrer era um fenômeno<br />

importado e, em parte, determinada por necessidades metropolitanas da divisão<br />

internacional do trabalho.<br />

(b) Conse<strong>que</strong>ntemente, as dinâmicas das taxas de crescimento do produto local e<br />

do lucro ficavam restringidas pelas necessidades externas de financiamento. Isso<br />

seria um elemento permanente de crise nas sociedades dependentes.<br />

(c) Descontados os juros e os lucros devidos externamente pelo processo local de<br />

acumulação capitalista, os montantes resultantes de capital local não eram<br />

suficientemente elevados para garantir, fosse (1) o financiamento de<br />

empreendimentos inovadores, fosse (2) a dispensa subse<strong>que</strong>nte de novos<br />

empréstimos e endividamentos externos. Daí uma burguesia fraca, ligada a<br />

processos inflacionários e à esfomeação da população local pelo latifúndio e pela<br />

burguesia comercial. Dependia do imperialismo e não podia, portanto, lançá-lo<br />

fora da economia do país.

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