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68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

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29.2 suÍça seM açúCar<br />

Nelson Serathiuk<br />

No dia 12 de setembro de 1973, após o golpe do Chile, fui preso e levado para o Estádio<br />

de Chile com Ricardo Azevedo e, posteriormente, ao Estádio Nacional. Quase dois meses<br />

depois fomos transferidos a um refúgio onde permaneci até conseguir sair para a Europa.<br />

Fui TRAZIDO para a Suíça sem poder escolher um país de asilo. A Suíça, em 1973, só<br />

aceitou duzentos refugiados políticos do Chile. Muito poucos chilenos. Eram, na sua<br />

maioria, estrangeiros <strong>que</strong> viviam no Chile, isto é, bolivianos, brasileiros, uruguaios,<br />

argentinos. O Conselho Federal Suíço fixou a cifra de duzentos refugiados por<strong>que</strong><br />

Edelstan, embaixador da Suécia no Chile, havia conseguido retirar esse numero de<br />

pessoas, na maioria ex-tupamaros, para a Suécia. Edelstan, pela sua “militância”<br />

humanitária, salvará cerca de mil e duzentas pessoas no Chile e abrirá as portas da Suécia<br />

para os refugiados chilenos.<br />

A Suíça não deu nenhuma prova de humanitarismo com relação aos refugiados políticos<br />

do Chile, inclusive expulsou pessoas <strong>que</strong> pediam asilo político nos postos de fronteira.<br />

Graças ao movimento Places Gratuites (Lugares Gratuitos), do qual participaram dez mil<br />

famílias suíças <strong>que</strong> se comprometiam a sustentar os refugiados até encontrarem trabalho,<br />

conseguiram entrar mais de dois mil refugiados oriundos do Chile na “Helvécia<br />

Humanitária”(sic).<br />

Aqui nos esparramaram pelo território nas três regiões linguísticas (alemã, francesa e<br />

italiana) e dificultaram os contatos entre nós. Proibiram-nos de falar em público, de dar<br />

entrevistas e não podíamos viajar para outras cidades sem autorização da policia federal,<br />

etc.<br />

Foi como uma continuidade do Estádio Nacional, sem milicos e torturadores. Não<br />

quiseram reconhecer os diplomas e profissões de ninguém e proibiam a mudança para<br />

outras regiões linguísticas. Não aceitaram <strong>que</strong> continuássemos nossos estudos<br />

universitários, etc. Tivemos <strong>que</strong> fazer petições, buscar apoios (os refugiados espanhóis<br />

nos ajudaram muito) para obter condições de vida dignas. Tivemos <strong>que</strong> levar uma luta<br />

desenfreada. Dos duzentos, havia quarenta e cinco universitários ainda em fase de<br />

formação. Proibiram o exercício de certas profissões como médicos, dentistas... Ao artista<br />

<strong>68</strong> a geraçao <strong>que</strong> <strong>que</strong>ria mudar o mundo: <strong>relatos</strong> relaToS - SUÍça 653

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