06.05.2013 Views

68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Acho <strong>que</strong> mais de cinco horas. Fi<strong>que</strong>i andando para lá e para cá. Sentava. Chorava um<br />

pouco. Cochilava. Levantava. Para lá e para cá.<br />

Em Buenos Aires, hospedei-me em um hotel perto da “Estação Rodoviária”. Uma espelunca<br />

cuja porta do banheiro não fechava direito. Reclamei com o cara da recepção. “La<br />

puerta? Que importa?”. Ele me respondeu fazendo trocadilho. Tudo bem, somente iria<br />

ficar ali uns poucos dias. Comprei uma bela coleção de História da Arte na Calle Forida.<br />

Adoro Buenos Aires. Passeei na Praça do Congresso e pelas suas cercanias à procura do<br />

edifício onde tínhamos ficado em 1973, antes de irmos para o Chile. Em vão. Alsina. Calle<br />

Alsina. Não encontrei jamais o tal prédio. Ano retrasado estivemos eu e o Léo, meu<br />

<strong>que</strong>rido companheiro, na<strong>que</strong>la cidade. Procurei de novo e não reconheci nada. Escafedeuse<br />

na memória ou na geografia da cidade.<br />

Quando saltei do ônibus em Porto Alegre, na própria rodoviária gaúcha, entrei em um<br />

pe<strong>que</strong>no bar e pedi, ansiosa, com a boca cheia de saliva, os olhos brilhando:<br />

- Um pastel e um guaraná.<br />

O empregado do bar observou-me com curiosidade. Comi com volúpia! Que delícia<br />

a<strong>que</strong>le guaraná! Que maravilha a<strong>que</strong>le pastel de vento! Estava, finalmente no Brasil. Que<br />

alegria! Todo mundo falando português. Ri muito. Camaradagem entre os populares.<br />

Fi<strong>que</strong>i ali um pouco escutando as pessoas conversarem em português do Brasil. Adorei<br />

estar ali. No Brasil. BRASIL.<br />

No dia em <strong>que</strong> Pedro Álvares Cabril descobriu o Brasal, caiu um temporil, puta-<strong>que</strong>-oparal.<br />

Para tentar ludibriar algum policial <strong>que</strong>, porventura, pretendesse seguir meus passos,<br />

tro<strong>que</strong>i várias vezes de ônibus até chegar na Rodoviária Novo Rio, no Rio de Janeiro.<br />

Parêntesis: no documento <strong>que</strong> recebi da ABIN – Agência Brasileira de Informação, consta<br />

<strong>que</strong> estive no Brasil em 1977.<br />

Chovia muito. Chuva molhada. Chuva tropical <strong>que</strong> eu não via há séculos. Era início da<br />

noite. Muita água. Telefonei para a casa dos meus pais, <strong>que</strong> nem desconfiavam <strong>que</strong> eu<br />

estava ali. Perguntei se estavam sentados. “Que foi minha filha! O <strong>que</strong> foi <strong>que</strong> aconteceu?”<br />

Expli<strong>que</strong>i-lhes, com pretensa calma, onde estava. A princípio acreditaram <strong>que</strong> fosse<br />

<strong>68</strong> a geraçao <strong>que</strong> <strong>que</strong>ria mudar o mundo: <strong>relatos</strong> relaToS - SUÉCia 649

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!