06.05.2013 Views

68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Nós quatro fomos aceitos pela França, Suíça e Suécia. Optamos pela Suécia, pois tivemos<br />

notícia de <strong>que</strong>, lá, teríamos possibilidade de estudar, etc.<br />

Foi o <strong>que</strong> aconteceu. Fomos “bem-recebidíssimos” pelo governo Olof Palme <strong>que</strong> nos<br />

abriu as portas. Primeiro, fomos encaminhados para um acampamento de refugiados, na<br />

pe<strong>que</strong>na cidade de Alvesta. Lá encontramos centenas de companheiros de todas as<br />

nacionalidades, oriundos do Chile. Foi uma festa. Dia 19 de novembro de 1973 chegamos.<br />

Inverno. Neve. Muita neve. Tudo branquinho.<br />

Lá iniciamos o estudo do idioma sueco enquanto recebíamos tratamento médico e<br />

psicológico, além de assistência social. Ah! Sem falar no guarda-roupa. Todos éramos<br />

encaminhados a uma loja para escolher roupas, calçados - um enxoval completo todos<br />

recebemos. Espantei-me, pois ganhei até guarda-chuva! Lembrei-me da<strong>que</strong>les objetos/<br />

roupas <strong>que</strong> recebemos ao chegar na Suécia... A Leta, o Washington e o Juca tentaram<br />

levar muita coisa para Cuba. Lembro <strong>que</strong> foi um problema no aeroporto por causa do<br />

excesso de peso... O guarda-chuva e muito do <strong>que</strong> ganhei foram para Cuba!<br />

Ah! Assim <strong>que</strong> chegávamos, recebíamos um pacote com sabão em pó, sabonete, pasta e<br />

escova de dentes, xampu, pente, absorvente higiênico, sei lá, essas coisas... Os homens<br />

recebiam aparelho e creme de barbear...<br />

As aulas de sueco eram ministradas em uma escola perto do acampamento. Na hora do<br />

almoço saía a<strong>que</strong>le enorme grupo direto para o refeitório. No horário das refeições todos<br />

ficavam à vontade e era muito divertido. Ah! Ganhávamos mesada ou semanada pelo<br />

comparecimento às aulas, uma espécie de ajuda de custo. É claro <strong>que</strong> nossa alimentação<br />

e moradia eram por conta do Governo. ... E ainda tínhamos “assistência” de grupos como<br />

o Chile Komitê, Anistia Internacional e similares.<br />

Melhor acolhida seria impossível.<br />

Todos sentíamo-nos “uma pilha só”, por tudo <strong>que</strong> passamos no Chile. Às vezes eu chorava<br />

baixinho.<br />

Agora começava o segundo exílio.<br />

638

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!