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68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

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28.3 esColHa. aColHida na suéCia<br />

José Alves Neto<br />

Quando, no Estádio Nacional, optei pela Suécia como terceira opção de asilo, não tinha<br />

a menor ideia do <strong>que</strong> seria morar na<strong>que</strong>le país gelado. Minha primeira opção era a<br />

Argentina e a segunda, Cuba. Escolhi a Argentina por<strong>que</strong> tinha um ponto para cobrir em<br />

São Paulo no final do ano, segundo meu comandante Zé Ibrahim, e Cuba, por tudo <strong>que</strong><br />

representava na<strong>que</strong>le momento. Na Argentina não cabia nem mais uma agulha, de tanto<br />

latino-americano <strong>que</strong> havia se exilado em sua embaixada. Na representação de Cuba,<br />

houve tentativa de invasão pelo exército chileno com direito a tiroteio e tudo.<br />

Enfim, fui parar às três horas da manhã em Estocolmo com os companheiros <strong>que</strong> estavam<br />

presos conosco no Estádio Nacional do Chile. Olhávamos pela janela e só víamos neve,<br />

tudo branco, tudo estranho. Trataram-nos, desde os primeiros momentos, com muito<br />

respeito e nos levaram para Alvesta, pe<strong>que</strong>na cidade no sul do país. Lá recebemos roupas,<br />

sapatos e tudo de <strong>que</strong> precisávamos com sobra.<br />

Estudamos o idioma e, depois de seis meses, fomos encaminhados para as cidades <strong>que</strong><br />

cada um de nós escolheu para viver. Além do trabalho <strong>que</strong> nos conseguiam, colocavamnos<br />

em um apartamento mobiliado com todo o conforto.<br />

Lembro-me de <strong>que</strong>, no dia em <strong>que</strong> meus pais foram para Cuba a convite do governo<br />

cubano, quando voltamos do aeroporto para a sua casa, a Eliete, eufórica, acendia o<br />

fogão elétrico e falava:<br />

- Isto é <strong>que</strong> é vida, este país é fantástico...<br />

Na verdade, ela e todos nós estávamos impressionados com a qualidade de vida do povo<br />

sueco <strong>que</strong> é de tirar o chapéu. A Suécia tem uma tradição centenária de receber exilados<br />

não só políticos mas econômicos também.<br />

Bem diferente dos dias de prisão no Estádio Nacional quando, além da repressão,<br />

passamos muita fome, sem falar nas vezes em <strong>que</strong> a comida chegava estragada, fedendo<br />

<strong>68</strong> a geraçao <strong>que</strong> <strong>que</strong>ria mudar o mundo: <strong>relatos</strong> relaToS - SUÉCia 633

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