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68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

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ajuda para transportar vários companheiros da sua casa <strong>que</strong> já estava lotada. Iriam para<br />

a embaixada do Panamá <strong>que</strong> ainda não tinha vigilância militar.<br />

Surgiu um problema quando, após a entrega do armamento, fui parado em uma barreira<br />

de carabineiros <strong>que</strong> suspeitaram de meu carro. Parecia novo, apesar de ter já dois anos,<br />

pois tinha sido pintado novamente depois de o companheiro Zé Duarte ter colidido com<br />

um ônibus, por<strong>que</strong> não obedeceu ao sinal de Pare, ao cruzar a Avenida Manuel A. Matta.<br />

Suspeitaram do carro, pois o GAP (Grupo de Amigos do Presidente), antigo grupo de<br />

segurança do Presidente Allende, tinha todos os carros da mesma marca e de cor azulmarinho,<br />

isto é, um Fiat 125 Special. A polícia suspeitou da cor nova do veículo. Pensaram<br />

<strong>que</strong> tinha sido pintado para disfarçar, pois o MIR, Movimiento de Izquierda<br />

Revolucionaria, estava cuidando de tais automóveis.<br />

Fui enviado para uma unidade de infantaria <strong>que</strong> ficava no bairro alto, em Las Condes.<br />

Que sorte <strong>que</strong> as armas já haviam sido entregues! Quem era encontrado com armamento<br />

era fuzilado imediatamente. No quartel, fui interrogado por um tenente muito agressivo.<br />

Eu falei <strong>que</strong>m era, <strong>que</strong> tinha ganhado o carro de presente de meu pai <strong>que</strong> havia me<br />

visitado no Chile, etc. Após o interrogatório, me puseram a esperar sentado no pátio.<br />

Havia chegado um outro brasileiro <strong>que</strong> eu conhecia de vista e <strong>que</strong> morava em Macul.<br />

Também foi interrogado e ficamos na espera, no mesmo lugar e conversamos um pouco.<br />

Umas três ou quatro horas mais tarde, veio um capitão e nos falou o seguinte:<br />

- Eu vou soltar vocês dois em oposição ao meu subordinado <strong>que</strong> <strong>que</strong>r mantê-los presos.<br />

Qual<strong>que</strong>r coisa, digam <strong>que</strong> já estiveram aqui e foram soltos pelo capitão Cordero.<br />

Eu e o companheiro brasileiro, de cujo nome não me lembro (só sei <strong>que</strong> tinha um defeito<br />

na perna causado por paralisia infantil) nos despedimos do capitão muito agradecidos.<br />

Partimos em direção ao centro sem acreditar no sucedido. Descemos pela Avenida<br />

Providência. Deixei o companheiro perto da Avenida Vicuña Mackena por<strong>que</strong> ele iria<br />

para Macul.<br />

Ao chegar em casa, após várias horas sem dar notícias, vi <strong>que</strong> o meu pessoal tinha<br />

entrado em estado de cho<strong>que</strong> total. Tinham imaginado o pior.<br />

<strong>68</strong> a geraçao <strong>que</strong> <strong>que</strong>ria mudar o mundo: <strong>relatos</strong> relaToS - CHile 581

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