06.05.2013 Views

68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

23.4 eu estive Presa no estÁdio naCional do CHile<br />

Solange Bastos<br />

Em 2003, por ocasião dos 30 anos do golpe militar no Chile, meu filho Miguel pediu-me<br />

um relato sobre a experiência no Estádio Nacional, onde fi<strong>que</strong>i presa ao lado de 80<br />

brasileiros e milhares de chilenos. O desfecho faz menção às famigeradas torres,<br />

explodidas dois anos antes.<br />

Falar da geração de 19<strong>68</strong> é também lembrar do Chile. Afinal de contas, Allende<br />

representou o paizão <strong>que</strong> nos recebeu a todos da América Latina.<br />

Não fui uma militante de peso. Mas em 1969, com apenas 17 anos, fui morar sozinha na<br />

favela do Jacarezinho, hoje uma das áreas controladas pelos traficantes. Fazia parte do<br />

nosso esforço de “proletarização”, já <strong>que</strong> éramos “pe<strong>que</strong>no-burgueses” atuando na Seção<br />

Operária da VAR-Palmares no Rio. Com mais uma companheira da minha idade e origem,<br />

fiz o levantamento das 30 principais favelas da cidade, visando ações “político-militares”.<br />

Acho <strong>que</strong> foi assim <strong>que</strong> aprendi a ser repórter. E concluímos o mesmo <strong>que</strong> o Comando<br />

Vermelho bandido de hoje: o Complexo do Alemão, na época apenas a favela Nova<br />

Brasília, é o de melhor localização estratégica!<br />

Em 1972, fui presa num rabo de foguete do Araguaia, <strong>que</strong> chegou a meu companheiro.<br />

Quando fomos soltos, saímos para o Chile, apenas cinco meses antes do golpe do<br />

Pinochet. O resto eu contei aí embaixo, para a garotada <strong>que</strong> não leu essa história nos<br />

livros.<br />

11 de setembro de 1973, dez para as nove da manhã. No rádio, a voz emocionada do<br />

presidente Salvador Allende. Uma declaração de intenções, do <strong>que</strong> buscou para o povo<br />

chileno. Até <strong>que</strong> entendemos: era uma despedida.<br />

O bombardeio foi rápido. Das Torres San Borja, na Diagonal Paraguay, no centro de<br />

Santiago, deu para ver a fumaça <strong>que</strong> subiu do Palacio de La Moneda. Informações<br />

confusas. Começam a tocar hinos no rádio. Mais um tempo e veio o primeiro bando<br />

(comunicado) militar: todos os estrangeiros deveriam se apresentar, etc.<br />

<strong>68</strong> a geraçao <strong>que</strong> <strong>que</strong>ria mudar o mundo: <strong>relatos</strong> relaToS - CHile 573

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!