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68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

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Havia mais de um binóculo por esquadra, o <strong>que</strong> permitia planejar com cuidado a meia<br />

hora seguinte de marcha. Estudava-se rápido a formação do terreno vindouro, a<br />

distribuição nele de pessoas, sítios, casas e animais. Traçava-se a rota mais fácil e menos<br />

povoada. Seguia-se até o ponto de reunião pré-fixado. Na verdade, tratava-se de uma<br />

lição prática de maneabilidade, <strong>que</strong> brincava de esconde-esconde com eventuais<br />

elementos da ordem e da população local. Não chamava a atenção, ali, cinco ou seis<br />

vagabundos errantes com uma arma longa. Podiam estar caçando ou iam buscar um<br />

contrabando em alguma parte. No entanto, uma “coluna de marcha” com trinta pessoas<br />

logo traria para ali uma força florestal dos Carabineros. As seis esquadras de cinco<br />

tinham por comando: A, Vicente; B, Guilherme; C, Guafo; D, Perí; E, Nachero; F, Pedro.<br />

Cada esquadra tinha um subcomandante. A esquadra de comando era formada pelos<br />

instrutores do curso e apenas um membro, argentino, <strong>que</strong> não era instrutor, Urizar<br />

(Sombra). Um terço da coluna era formado por argentinos, de duas organizações<br />

diferentes. Seguiam sete chilenos e cinco brasileiros, em importância numérica. Toda a<br />

marcha estava planejada na carta. Era cerca de 270 km de ida e outro tanto de volta. A<br />

rota era sair das imediações de Riñihue e alcançar Rucachoroi e o Lago Caburgua. A<br />

marcha de volta seguiu, aproximadamente, o mesmo trajeto. Evitaram-se as cidadezinhas<br />

locais, como Los Lagos, Paillaco, Ronco, Riñinague, Puerto LLifén, Futrono, Puerto Frey,<br />

Carriringue, etc. Jamais se caminhava por estradas, caminhos com maior frequência,<br />

fazendas, etc. Buscávamos flan<strong>que</strong>ar tudo. Isso fez com <strong>que</strong> se vivesse todo o período ao<br />

ar livre. Embora alguns pegassem gripe, febre, etc, não houve nada mais grave, como<br />

acidentes, por exemplo. Cada qual levava, para facilitar as travessias, vinte metros de<br />

corda.<br />

O sucesso da estadia no monte pode ser atribuído a três fatores: (1) o ambiente<br />

democrático, apesar da crise, <strong>que</strong> se vivia no Chile de Allende; (2) a juventude e força dos<br />

membros da coluna; (3) ao cuidadoso planejamento, com conhecimento do terreno dos<br />

chilenos Pedro e Jorge. Eles escolheram uma região <strong>que</strong> conheciam desde a infância. A<br />

área toda tinha uns oito mil km² e obtivemos mapas dela toda. Isso permitiu um<br />

planejamento cuidadoso. Marchou-se com três paradas por dia, café, almoço e jantar.<br />

Jantava-se onde se tomava o café, com as barracas espalhadas e tão escondidas quanto<br />

possível. Dormia-se com serviço de guarda. Pôde-se, assim, treinar a “coluna de marcha”<br />

quase com a segurança de um pi<strong>que</strong>ni<strong>que</strong>, mas com dificuldades bastantes para se<br />

aprender algo.<br />

A esquadra de comando foi a <strong>que</strong> mais andou, por<strong>que</strong> ela se reunia, periodicamente, nos<br />

pontos preestabelecidos e seus membros iam e vinham das demais esquadras. Sua<br />

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