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68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

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- Não abra agora. É um presente para você.<br />

Quando ela se foi, tomei por outra direção. Pelo peso, sabia o <strong>que</strong> a toalha continha. Ao<br />

abrir, dei com uma Walther PP 9mm, mais antiga, mas perfeitamente conservada. A<strong>que</strong>la<br />

seria uma companhia de mais de dois anos ainda, no Chile.<br />

Com base na<strong>que</strong>les contatos, cinco organizações haviam resolvido montar o curso. Este<br />

fora uma boa experiência. Apesar do es<strong>que</strong>ma complicado <strong>que</strong> exigiu trinta “alunos”,<br />

cinco “instrutores” lograram reunir-se durante 290 horas de um mês para fazer uma<br />

troca de experiências <strong>que</strong> exprimisse o <strong>que</strong> era possível compendiar das cinco organizações.<br />

Uma promessa <strong>que</strong> o curso fazia era o acompanhamento na floresta, o <strong>que</strong> agora se<br />

efetivava. Não havia recursos para tal. O sacrifício era enorme. A<strong>que</strong>les <strong>que</strong> o faziam,<br />

contudo, julgavam-no importante.<br />

O curso se dera numa velha casa de fazenda, <strong>que</strong> as condições econômicas e o tempo<br />

haviam reduzido a uma mera sede de granja. Não era longe de Santiago. Chegava-se no<br />

sítio com o escuro e saía-se com o escuro. O inverno facilitava a discrição. Ali o regime<br />

de uso do espaço era rígido, para evitar quais<strong>que</strong>r contatos eventuais não desejados.<br />

Lucia e Dolores foram as duas uruguaias no curso. Elas ali se chamaram Furri e Madeja.<br />

Os “nomes de guerra” no curso eram ocasionais e distribuídos pelo arbítrio dos instrutores.<br />

É possível <strong>que</strong> não fossem menos arbitrários <strong>que</strong> os nomes <strong>que</strong> os companheiros já<br />

traziam, de suas organizações de origem. Dolores tornou-se Madeja por<strong>que</strong> tinha dois<br />

caracóis de cabelo castanho escuro, <strong>que</strong> desciam um para cada orelha. Com seus olhos<br />

claros e parados, talvez se candidatasse a um anjo barroco, desses de gravuras ou de<br />

igrejas. Lucia virou Furri por<strong>que</strong> lhe deram as tarefas de um furriel, distribuindo os<br />

materiais referentes ao curso. Levaria ela esta pesada função para a “coluna de marcha”,<br />

ou melhor, “para o monte”. No curso, estavam também os uruguaios Vicente e Guafo,<br />

sendo o primeiro “instrutor” e o segundo “aluno”. Vicente, também conhecido por Nacho,<br />

seria no acampamento Remington, por<strong>que</strong> trouxe um magnífico rifle de ferrolho, modelo<br />

700, da<strong>que</strong>la fabricação.<br />

Veja-se lá. Lucia e Dolores foram excelentes “alunas” do curso. Na verdade, eram<br />

companheiras muito responsáveis. Além de muito bonitas, eram senhoras por completo<br />

até do ar <strong>que</strong> respiravam. Isso, num coletivo cheio de rapazes, fazia um efeito devastador<br />

entre eles. A maioria deles – é obvio – ficava “na sua”, fingindo <strong>que</strong> não as viam, ou como<br />

dizia Lupicínio, exercitando seus “nervos de aço”. Houve outras companheiras no curso:<br />

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