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68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

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deficiência, a ideia de inclusão em geral. Indígena não é mais um estágio pré-histórico<br />

<strong>que</strong> se supera por extinção ou assimilação, como se pensava antes.<br />

Não se trata só de valores ou direitos reconhecidos, mas também de enri<strong>que</strong>cimento da<br />

humanidade, de mais criatividade e muitas vezes da nossa sobrevivência. Mas são ideias<br />

<strong>que</strong> demoram a vingar. Só agora Bolívia e Equador se definem como estados plurinacionais<br />

e no Brasil ainda temos generais <strong>que</strong> vêem reservas indígenas na fronteira como ameaça<br />

à soberania e segurança nacional.<br />

Na<strong>que</strong>la década, também chegou ao mercado a pílula anticoncepcional, nasceu a<br />

contracultura <strong>que</strong> teve seu momento de glória no festival de Woodstock, em 1969. A<br />

América Latina ganhou um potencializador da agitação política, com a revolução cubana<br />

e Che Guevara assumindo a missão de disseminar guerrilhas até ser morto em 1967, na<br />

Bolívia. Grupos guerrilheiros se tornaram comuns, até mesmo na próspera Europa.<br />

A rebelião de 19<strong>68</strong> se tornou pandêmica principalmente pelo movimento estudantil. No<br />

Brasil, desafiou a ditadura com a Passeata dos Cem Mil, no Rio de Janeiro, e outros<br />

embates de rua com a polícia, até a prisão de toda a sua liderança em outubro. No<br />

México, os estudantes tiveram como resposta o massacre de Tlatelolco, com dezenas ou<br />

centenas de mortes, nunca se soube ao certo. Alemanha, Estados Unidos, Itália, Japão e<br />

outros países ricos e democráticos também reprimiram violentamente estudantes.<br />

O maio francês foi emblemático pela amplitude da sublevação e dos <strong>que</strong>stionamentos.<br />

As barricadas de Paris contagiaram milhões de trabalhadores <strong>que</strong> paralisaram o país,<br />

ocupando umas 300 fábricas. “Proibido proibir”, “abaixo o Estado”, “a imaginação ao<br />

poder”, “seja realista, peça o impossível” e “não confie em ninguém de mais de 30 anos”<br />

foram pichações e palavras de ordem dos manifestantes.<br />

A fúria da rejeição a tudo foi o grito de liberdade de uma juventude emergente <strong>que</strong> já<br />

não podia suportar as camisas-de-força herdadas. A pílula já existia desde 1960, mas a<br />

moral vigente ainda reprimia o sexo. Nada de sexo antes do casamento. As religiões eram<br />

onipresentes, castradoras, por quase toda parte. Ser ateu era praticamente um crime.<br />

Cabelos compridos um sinal de delinquência. A hierarquia era absoluta, militar, nas<br />

relações familiares, laborais, escolares, entre Estado e sociedade. A Europa prosperava<br />

com um sistema de proteção social sem precedentes. Mas era uma euforia de reprimidos,<br />

pelo menos para estudantes.<br />

<strong>68</strong> a geraçao <strong>que</strong> <strong>que</strong>ria mudar o mundo: <strong>relatos</strong> PaNoraMa HiSTÓriCo - 19<strong>68</strong>, a DÉCaDa Do CaoS 55

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