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68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

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da Es<strong>que</strong>rda de <strong>que</strong> se encontrava combatendo em “território inimigo” e <strong>que</strong> a principal<br />

forma de luta <strong>que</strong> poderia utilizar era a guerra de guerrilhas. Os planos de ação de tais<br />

organizações guerrilheiras eram, assim, embrionários e neles, às vezes, não se percebia o<br />

limite de segurança para atuar, necessário à sobrevivência das organizações. Tais<br />

organizações quase sempre, após a <strong>que</strong>da de seu es<strong>que</strong>ma inicial, careciam de um sistema<br />

de comunicações e de informações <strong>que</strong> garantisse sua preservação e, ao mesmo tempo,<br />

lhes facultasse uma verdadeira iniciativa estratégica. Havia simplesmente a expectativa<br />

de um “socorro externo” <strong>que</strong> tanto não poderia ocorrer ou quanto, se ocorresse, pudesse<br />

ser vendido por pe<strong>que</strong>na moeda de troca pelo suposto “socorrista”.<br />

As organizações de es<strong>que</strong>rda careciam, assim, de uma linha de ação clara. Não se reuniam,<br />

não planejavam em conjunto, não se consideravam portadores de um destino estratégico<br />

ou de quadros estratégicos. Os seus eventuais “apoiadores”, como o comprovam os<br />

episódios da Venezuela, da Colômbia, do Brasil, do Peru, etc, <strong>que</strong>riam apenas ficar com<br />

seus controles e manipulá-las em causa própria. Eram organizações puramente táticas.<br />

Que se saiba, foram raros os momentos em <strong>que</strong> membros de tais organizações fizeram<br />

debates estratégicos sobre a situação continental: 1966 em Santiago, 19<strong>68</strong> em Buenos<br />

Aires e 1971, de novo em Santiago do Chile. Não é de admirar, portanto, o estado de<br />

indigência da es<strong>que</strong>rda latino-americana, sem um jornal, sem uma Comissão Única de<br />

Controle por ela eleita, sem documento conjuntos, sem manuais comuns de treinamento,<br />

etc.<br />

Tratava-se de mera horda de carneiros enviada ao açougue. Ou caso se prefira, ao<br />

matadouro. Os agentes indicadores e provocadores – como o caso de certo juiz –<br />

circulavam livremente entre as organizações, fazendo intrigas e promovendo <strong>que</strong>das<br />

aqui e ali. Examinando à distância no tempo, as diversas alternativas <strong>que</strong> se ofereciam ao<br />

caminho então seguido, causa admiração <strong>que</strong> as melhores soluções não hajam sido<br />

escolhidas e <strong>que</strong> tais organizações tenham se mostrado tão ruins como a<strong>que</strong>las das quais<br />

se originaram. Poder-se-ia dizer talvez <strong>que</strong> era o kharma. Produzidas no lixo político de<br />

uma es<strong>que</strong>rda reformista e inconse<strong>que</strong>nte no reformismo – pois nunca alcançou fazer<br />

reformas – tais grupos não foram capazes de dar um salto de qualidade.<br />

Sua natureza como força de ata<strong>que</strong> era limitada a simples “reformismo armado”. Era<br />

incapaz de recrutar novos quadros, por<strong>que</strong> os recrutava no ambiente nocivo do<br />

reformismo derrotista. A admiração – da parte de grande parcela de seus militantes – por<br />

políticos tradicionais dos partidos de es<strong>que</strong>rda reformista expressava esse “pecado<br />

original”, essa incapacidade de inventar algo <strong>que</strong> fosse realmente novo no cenário<br />

<strong>68</strong> a geraçao <strong>que</strong> <strong>que</strong>ria mudar o mundo: <strong>relatos</strong> relaToS - CHile 547

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