06.05.2013 Views

68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

emprestadas, às vezes furadas, alguns latino-americanos foram para a sierra. A<strong>que</strong>la<br />

mesma, Los Andes, <strong>que</strong> Che Guevara sonhara um dia pudesse se transformar na Sierra<br />

Maestra da América Latina.<br />

Um breve momento da<strong>que</strong>la experiência será aqui relembrado. Uma recuperação de<br />

memória, sem jogar pedras no passado. Nada se tem contra a<strong>que</strong>les <strong>que</strong> viveram essa ou<br />

outras experiências. Está-se aqui preocupado com o lado humano da experiência. Hoje,<br />

se praticam as mesmas coisas, como mero montanhismo, rapel ou até ecoturismo. A<br />

juventude, felizmente, continua, e ela sabe viver sinceramente, enquanto é uma nova<br />

geração. Depois? Ora, é depois e, felizmente, o depois não interessa aqui.<br />

A brincadeira da<strong>que</strong>la coluna-de-marcha era simples. Reunir e separar-se com<br />

movimentos rápidos, mover-se de modo pouco perceptível. Partindo do coração do Chile,<br />

ir e voltar do território argentino, explorando passagens menos policiadas. Obter um<br />

conhecimento específico do terreno. Treinar aprendizagem teórica. Viver ao ar livre e<br />

aumentar em cada participante a autoconfiança em sua capacidade. Tirando os<br />

preconceitos <strong>que</strong> a época envolvia, não havia muito de mal, naquilo. Foi um belo passeio<br />

na serra, de quase um mês. Ao se recordar a experiência, vem sempre uma dúvida, uma<br />

pergunta: “mas, vivi isso mesmo ou foi apenas um sonho?” Por<strong>que</strong> o tempo tem esta<br />

capacidade. Ele faz retornar ao sonho os melhores sonhos vividos por toda uma<br />

humanidade.<br />

A Es<strong>que</strong>rda <strong>que</strong> intentava estabelecer a luta armada, no continente sul-americano,<br />

contra as ditaduras, estava vivendo na<strong>que</strong>les anos (1967-1973) de uma sucessão de<br />

surpresas táticas. Tais surpresas, embora pudessem ser fartamente obtidas, eram cada vez<br />

menos eficientes em impacto aglutinador. Na verdade, graças à hábil manipulação<br />

orientada desde Washington, este impacto foi transformado – no melhor estilo nazista<br />

– em temor por “ações terroristas”. Ou seja, a existência de organizações de combate, <strong>que</strong><br />

aceitavam uma tática de defesa ativa da luta política da população, era transformada em<br />

ata<strong>que</strong> terrorista internacional, comandada desde “Praga, Moscou, Pequim e Havana”.<br />

A verdade era outra. Qual<strong>que</strong>r militante político <strong>que</strong> fosse distribuir panfletos, de<br />

madrugada, na porta de uma fábrica, era recebido à bala pelos seguranças do<br />

estabelecimento industrial. Isso não se devia à auto-recreação desses seguranças. Eram<br />

instruções precisas, vindas da polícia local e do governo. A liberdade política era assim<br />

algo do imaginário dos políticos e dos jornalistas de direita. Para enfrentar uma campanha<br />

eleitoral e eleger um político como Negrão de Lima governador, <strong>que</strong>m o fez teve <strong>que</strong> se<br />

542

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!