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68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

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palavras de Brecht no poema Aos <strong>que</strong> vão nascer: “... na<strong>que</strong>le tempo em <strong>que</strong> trocávamos<br />

de país mais <strong>que</strong> de sapatos...” e iniciei um longo trajeto <strong>que</strong> me fez atravessar uma<br />

conturbada América Latina até chegar aos EUA, de onde parti para Europa. Era meianoite<br />

na década e essa noite escura <strong>que</strong> esmagava a liberdade ainda ia durar muitos anos.<br />

No Chile, em particular, ela só começou a se dissipar em 1988, com a campanha do NÃO<br />

à Constituição de Pinochet, cujo slogan ines<strong>que</strong>cível era Buenos dias, Libertad.<br />

23.2 riñiHue: en el Monte<br />

540<br />

Wilson Barbosa<br />

Tudo se passou no Chile de Allende. Havia ali, em 1971-1972, um grande número de<br />

asilados políticos. Argentinos, uruguaios, brasileiros, bolivianos, peruanos, em sua maioria.<br />

O governo tratava a todos com suspeição e – mesmo – com certa hostilidade. Mas o<br />

sentimento democrático e paternal de Salvador Allende, um dos grandes latinoamericanos<br />

de todos os tempos, impedia <strong>que</strong> isso degenerasse em perseguição aberta.<br />

O continente estava debaixo das patas do Kissinger. A CIA, polícia internacional<br />

estadunidense, pintava e bordava, com a desculpa da guerra fria. Esta, contudo, estava<br />

bem <strong>que</strong>nte no Sudeste da Ásia. Os norte-americanos apanhavam feio no Vietnam, e<br />

descontavam nos africanos e nos latino-americanos, tarefa bem mais fácil. O governo<br />

ian<strong>que</strong> estava, uma vez mais, em estado de falência. Com a truculência e o nacionalismo<br />

<strong>que</strong> lhes são característicos, voltou a cara para a realidade e gastava dezenas de milhões<br />

de dólares, talvez centenas, com a tarefa de derrubar Salvador Allende e colocar mais<br />

uma ditadurazinha no lugar. Fabricavam apenas tal dinheiro.<br />

Os aprendizes de espiões e provocadores das ditaduras locais, com ênfase Brasil, Argentina<br />

e Uruguai, montavam suas patifarias dos dois lados dos Andes. Recebiam para isso gordas<br />

verbas de Washington. Os agentes indicadores, infiltrados por dinheiro entre os grupos<br />

de es<strong>que</strong>rda, delatavam seus supostos companheiros, levando-os a serem assassinados<br />

pelos esquadrões da morte das operações condores ou sem dores, isto é, com dores ainda<br />

maiores.

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