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68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

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Ampliar o foco para a década ajuda a entender o contexto em <strong>que</strong> 19<strong>68</strong> entra para a<br />

História com a insurreição estudantil de maio na França, a invasão da Checoslováquia<br />

por tropas soviéticas e a ofensiva do Tet <strong>que</strong> decretou a derrota da intervenção<br />

estadunidense no Vietnam. Alguns autores franceses se referem a “anos 19<strong>68</strong>”.<br />

Na década de 1960, anos mais, anos menos, surgia na Itália o movimento antimanicomial,<br />

havia o auge da luta dos negros por direitos civis nos Estados Unidos, nascia o movimento<br />

dos homossexuais e o feminismo se sofisticava, ampliando a luta pela simples igualdade<br />

rumo à equidade de gênero e aos direitos reprodutivos. O ambientalismo dava seus<br />

primeiros passos, despertando para a importância vital da biodiversidade.<br />

O reconhecimento da diversidade como valor e princípio vital, em contraposição a<br />

séculos de valorização da homogeneidade - massificação era o termo da época -, foi uma<br />

reviravolta <strong>que</strong> o mundo sofreu na<strong>que</strong>la década. Entrou na ordem do dia o respeito à<br />

diversidade étnica, sexual, humana, biológica, de pensamentos, religiosa, cultural. Nesse<br />

sentido, o tropicalismo estava mais de acordo com os novos tempos <strong>que</strong> outras “escolas”<br />

artísticas e os militantes revolucionários.<br />

A industrialização das sociedades exacerbou a padronização de quase tudo, em nome da<br />

produtividade. A família devia ter pai, mãe e dois filhos, a escola é uma fábrica de<br />

profissionais qualificados. Casas, roupas, comidas, carreiras, tudo o mais idêntico possível,<br />

feito numa cadeia de produção. O ideal da uniformização não tinha ideologia, ainda <strong>que</strong><br />

o comunismo o levasse mais a fundo, com o partido único tentando extirpar ideias<br />

dissidentes.<br />

Essa tendência fica mais evidente na alimentação, por exemplo. A humanidade, em sua<br />

história, consumiu umas dez mil espécies vegetais, hoje reduzidas a cerca de 150, com<br />

arroz, batata, milho e trigo representando mais da metade do volume consumido. É um<br />

dos fatores da atual crise alimentar.<br />

Ainda restam umas sete mil línguas no mundo e hoje há preocupação em conservá-las.<br />

Antes o ideal era, no máximo, uma língua por país, suprimindo todo o resto. Reconhecer<br />

<strong>que</strong> o Brasil tem 180 línguas é coisa recente.<br />

As novas perspectivas de sobrevivência de indígenas, com sua língua e cultura, como<br />

povos de identidade própria, é também produto da “revolução da diversidade” <strong>que</strong> se<br />

localiza nos anos 1960. Assim como as da livre opção sexual, a cidadania das pessoas com<br />

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