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68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

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Eleito, não deve tomar posse. Empossado, devemos recorrer à revolução para impedi-lo<br />

de governar”.<br />

Getúlio elegeu-se e pôde, mais uma vez, governar a favor do progresso. Criou a Petrobrás,<br />

instituiu a SUMOC (precursora do Banco Central), debelou o desequilíbrio cambial através<br />

da Instrução 70, limitou a 10% as remessas de lucros das empresas estrangeiras, e<br />

aumentou em 100% o salário mínimo. Tudo isso exaspera a direita, desatina as classes<br />

patronais, enfurece o imperialismo e enlou<strong>que</strong>ce os militares golpistas. Estes soltam o<br />

hidrofóbico Carlos Lacerda, <strong>que</strong> dá continuidade a uma campanha difamatória contra o<br />

governo de Getúlio. Ocorre, na<strong>que</strong>le torvelinho, o atentado contra Carlos Lacerda em <strong>que</strong><br />

morre o major da aeronáutica Rubens Vaz. Embora Getúlio nada tenha tido a ver com esse<br />

fato e a polícia tenha rapidamente elucidado o crime e prendido os culpados, os ata<strong>que</strong> a<br />

ele e o clima golpista se acirram cada vez mais. Pressionado a renunciar, Getúlio prefere o<br />

suicídio, em 24 de agosto de 1954, causando, assim, grande comoção nacional e profunda<br />

consternação no seio do povo. O movimento <strong>que</strong> articulava a deposição do presidente foi,<br />

de um dia para o outro, abafado por um sentimento geral antigolpista e getulista. O<br />

suicídio de Vargas atrasou em dez anos a tomada do poder tramada pela direita.<br />

Novo golpe de Estado foi tentado contra a posse dos novos presidente e vice-presidente<br />

eleitos: Juscelino Kubitschek e João Goulart. O êxito dessa conspiração foi evitado pela<br />

decisiva intervenção do Ministro da Guerra, o general legalista Henri<strong>que</strong> Lott. Juscelino<br />

fez um governo de conciliação nacional e grande prosperidade. Estimulou o investimento<br />

estrangeiro, <strong>que</strong> resultou no desabrochar da indústria automobilística brasileira, construiu<br />

Brasília e obteve um elevado ritmo de crescimento econômico. Realizou ou iniciou<br />

grandes obras, como as barragens e usinas hidrelétricas de Furnas e de Três Marias e a<br />

estrada Belém-Brasília. No entanto, foi também odiado pela direita furibunda <strong>que</strong> sentia<br />

falta da repressão às lutas populares e sentia-se sufocada no clima de liberdade existente.<br />

Duas revoltas ocorreram durante esse período – a de Jacareacanga, em 1956, e a de<br />

Aragarças, em 1959. Na primeira, dias depois da posse de Juscelino, dois majores da<br />

Aeronáutica desertaram, roubaram um avião e tomaram a localidade de Jacareacanga,<br />

no sul do Pará. A rebelião foi debelada em alguns dias, seu principal chefe foi preso e os<br />

demais fugiram para a Bolívia. Pouco depois, foram todos anistiados por Juscelino e<br />

reintegrados ao serviço ativo, sem sofrerem nenhuma execração raivosa por parte de<br />

seus colegas direitistas, bem ao contrário do <strong>que</strong> ocorreu anos mais tarde com o capitão<br />

Lamarca. Na segunda, Haroldo Veloso, o líder da primeira, já tenente-coronel, desertou<br />

juntamente com o tenente-coronel João Paulo Burnier e outros oficiais. Eles furtaram<br />

<strong>68</strong> a geraçao <strong>que</strong> <strong>que</strong>ria mudar o mundo: <strong>relatos</strong> PaNoraMa HiSTÓriCo - o GolPe Não CoMeçoU eM 1964 51

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