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68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

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polícia Filinto Müller, egresso do movimento tenentista. Getúlio, contudo, poderia ter-se<br />

empenhado em poupar a companheira e a filha do adversário vencido, mas não o fez.<br />

Getúlio, portanto, foi um protagonista controverso. Se por um lado perseguiu cruelmente<br />

os <strong>que</strong> estavam à sua es<strong>que</strong>rda, por outro introduziu reformas profundas, iniciou a<br />

industrialização e criou instituições <strong>que</strong> se consolidaram na vida nacional. Tudo sem<br />

abalar a hegemonia do capital e do latifúndio.<br />

Os Estados Unidos nunca lhe perdoariam a nacionalização do subsolo, <strong>que</strong> antes era<br />

concessão da empresa estadunidense Farquhar, nem a criação da Cia. Siderúrgica<br />

Nacional, <strong>que</strong> conferia relativa auto-suficiência industrial ao Brasil. Com o fim da<br />

Segunda Guerra, surgiram duas campanhas antagônicas, ambas pela convocação de uma<br />

Constituinte: uma por eleições sem Getúlio e outra, fortíssima, o Queremismo, por<br />

eleições com Getúlio. Apesar de já haver convocado as eleições, Getúlio foi deposto, em<br />

outubro de 1945, no auge de sua popularidade, pelos mesmos chefes militares <strong>que</strong><br />

sempre lhe deram apoio e participaram de seu Governo: Góes Monteiro e Eurico Dutra. É<br />

pura falácia a versão de <strong>que</strong> a ditadura de Vargas foi derrubada por um amplo movimento<br />

de retorno à democracia. Getúlio foi removido por seus ministros, <strong>que</strong> sempre participaram<br />

de suas decisões e <strong>que</strong> continuaram dando as cartas.<br />

As eleições <strong>que</strong> se seguiram foram vencidas por Eurico Dutra, unicamente devido ao<br />

apoio <strong>que</strong> este recebeu de Vargas. São paradoxos da política brasileira: Getúlio apoiou o<br />

general <strong>que</strong> o depôs e, anos mais tarde, recebeu o apoio de Prestes, a <strong>que</strong>m havia<br />

perseguido tão implacavelmente.<br />

Dutra teve um mandato marcado pelo entreguismo, pela subserviência aos interesses dos<br />

Estados Unidos, pelo desperdício das divisas acumuladas durante a guerra com importação<br />

de Pirex e Cadilacs, pelo arrocho salarial, pela repressão aos sindicatos e por uma feroz<br />

perseguição aos comunistas. Estes, <strong>que</strong> haviam sido anistiados no fim do Governo do<br />

Getúlio e <strong>que</strong> puderam participar das eleições, conquistando uma representação<br />

significativa na Assembleia Constituinte e, inclusive, a maior bancada na Câmara<br />

Municipal do Distrito Federal, foram novamente postos na ilegalidade e tiveram seus<br />

mandatos cassados.<br />

Em 1950, Getúlio candidatou-se à reeleição. Carlos Lacerda, um ex-comunista recrutado<br />

pela direita, lançava-se como líder do mais histérico golpismo, ao escrever: “O Sr. Getúlio<br />

Vargas, senador, não deve ser candidato à presidência. Candidato, não deve ser eleito.<br />

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