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68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

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Na<strong>que</strong>les idos, eu sinceramente achava <strong>que</strong> deveria e poderia mudar o mundo. E de<br />

corpo e alma, um grupo de nós se dedicou a enfrentar, “encarar” com tudo aquilo <strong>que</strong><br />

achávamos ser o certo.<br />

Meu pai faleceu em fevereiro de 1964, estávamos muito vulneráveis e emocionais, “meu<br />

deus” se havia ido. Era preciso, num ativismo sem medida, agitar, correr atrás, contestar.<br />

Como estudante de jornalismo e presidente de diretório de Comunicações, fiz o <strong>que</strong><br />

tantos fizeram na<strong>que</strong>la época: participei de reuniões escondidas, panfletagem, passeatas,<br />

agitei um bocado. Era também aeromoça da Air France e levava e trazia correspondência<br />

proibida, “muita loucura”.<br />

Interiormente possuía <strong>que</strong>stionamentos imensos, mas faltava tempo para pensar e<br />

avaliar. Fui “foca” no Departamento de Pesquisa do Jornal do Brasil sob a orientação do<br />

Fernando Gabeira, meu professor, assim como Zuenir Ventura, Edgar de Andrade, Darwin<br />

Brandão e outros <strong>que</strong> se tornaram amigos.<br />

As dificuldades de lidar com a avalanche emocional e com a realidade se desenvolveram<br />

em uma bulimia, achava mesmo <strong>que</strong> estava ficando louca varrida, mentia. Muito. Já<br />

estava difícil saber o <strong>que</strong> era realidade e o <strong>que</strong> era ficção. Era feito uma “bola de neve” e<br />

eu, extremamente só, no meio da multidão.<br />

Foi preciso ser atingida nas pernas por uma bomba de efeito moral, com a Polícia me<br />

vigiando e tendo me alertado de <strong>que</strong> estava me seguindo mas não me prendia por<strong>que</strong><br />

ainda não era o momento, para <strong>que</strong> eu, acuada e “sabendo demais, não sei de quê”,<br />

deixasse o país, ajudada por ex-colega da Air France.<br />

Assim, vivi fora do Brasil de 1970 a 1976. Inicialmente em Paris, depois Suíça e Inglaterra.<br />

Quando eu estava na pior das piores, fora do país, só, sem ter de <strong>que</strong>m fugir, nem para<br />

onde fugir, “caiu a ficha”. Meu pior inimigo era eu mesma. Que fazer? Para onde ir?<br />

Minhas incoerências eram aberrantes e eu me sentia só, muito só, ansiosa e angustiada<br />

ao extremo. Foi quando fui acolhida por uma família <strong>que</strong> me aceitou incondicionalmente,<br />

com toda minha doideira, e me deu um amor <strong>que</strong> nunca, jamais, eu havia experimentado.<br />

O <strong>que</strong> vivi no l’Abri (Suíça), comunidade dirigida por Francis Scheffer (pastor americano)<br />

foi in<strong>que</strong>stionável. A<strong>que</strong>le era o estilo de vida <strong>que</strong> eu andara buscando na política:<br />

diálogo, fran<strong>que</strong>za, abertura, mansidão, paciência, boa vontade. Então, havia esperança!<br />

E eu vi Jesus, antes de ouvir falar, eu O vi na vida da<strong>que</strong>la gente, e eu sabia <strong>que</strong> era tudo<br />

<strong>68</strong> a geraçao <strong>que</strong> <strong>que</strong>ria mudar o mundo: <strong>relatos</strong> relaToS - reTiraDaS 481

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