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68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

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Como <strong>que</strong> atingida por um raio, a jovem imobilizou-se no último degrau, amparou o<br />

corpo na parede e conseguiu balbuciar:<br />

- Puxa, “seu” Hílcar, <strong>que</strong> piada mais sem graça...<br />

A turma toda, umas quinze pessoas, caiu na gargalhada. Entretanto, nesse dia, Heleninha<br />

não permaneceu no recinto nem uns cinco minutos. Logo-logo se retirou, acompanhada<br />

do Nélson.<br />

Enquanto isso, a polícia política continuava revirando o Rio de Janeiro, à procura do<br />

cativeiro. Em ações secretas, conseguiu levantar o aparelho em Santa Teresa. Além disso,<br />

estava rastreando há dias o telefone instalado ali.<br />

E os dias foram passando. A polícia procurando o embaixador e a Heleninha, todo santo<br />

dia, à mesma hora, batendo na porta do meu gabinete:<br />

- Gregório, você deixa usar o seu telefone, só um pouquinho?...<br />

Até <strong>que</strong>, um dia... Barulho de sirenes na porta do jornal. Muitas delas, uma balbúrdia.<br />

Suspeitando de atropelamento grave, corro até a janela <strong>que</strong> dá para a Rua Riachuelo. Do<br />

alto, diviso uma meia dúzia de viaturas do DOPS, com os policiais, em correria, invadindo<br />

a portaria do nosso prédio. Em minutos, eles já estão vasculhando todos os andares, sala<br />

por sala, abrindo armários, indo às oficinas, enfim, revirando tudo.<br />

Estavam à procura da Heleninha e do Nélson. Não os encontraram. Entretanto, em<br />

conversa com vários funcionários, depois <strong>que</strong> a polícia foi embora, eu soube <strong>que</strong> os dois<br />

tinham sido alertados, por alguém, sobre a batida policial. Rapidamente, utilizaram uma<br />

longa escadaria <strong>que</strong> sai do quinto andar e termina na Rua Paula Mattos. Dali, tomaram<br />

destino ignorado.<br />

Nas suas ligações telefônicas, feitas da minha sala, Heleninha comunicava-se com o<br />

“aparelho” – por isso, suas frases “desconexas” para mim...<br />

Quanto ao Nélson, nas edições dominicais do Caderno D, ele inseria nos desenhos de<br />

moda pe<strong>que</strong>nos detalhes <strong>que</strong> somente eram decifrados pelos demais integrantes do<br />

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