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68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

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Sabia <strong>que</strong>, mais cedo ou mais tarde, os militares iriam desistir de servir a comida. E <strong>que</strong><br />

teriam <strong>que</strong> assumir essa função com companheiros de confiança para proceder a uma<br />

distribuição mais humana, <strong>que</strong> priorizasse os doentes.<br />

E ia tentando sobreviver com o parco pãozinho diário <strong>que</strong> se permitia após encaminhar<br />

as centenas <strong>que</strong> lhe cabia distribuir aos famintos, até <strong>que</strong> um companheiro cismou <strong>que</strong><br />

ele devia estar reservando para si muitos pães:<br />

- Você passa o dia inteiro comendo pão!<br />

O fato é <strong>que</strong>, como tinha problemas de estomago, guardava o seu pão no bolso e ia<br />

comendo-o devagarzinho ao longo do dia.<br />

Alguns “companheiros” nem aceitavam a decisão de como se vai comer um maldito<br />

pãozinho e nem conseguiam administrar a própria fome!<br />

inaPetÊnCia de Pai<br />

A dor da fome é aumentada nos companheiros <strong>que</strong> têm os filhos também lá, presos, ao<br />

vê-los passar fome. O Washington tinha o filho Juca com 16 anos, em crescimento, e<br />

sabia o impacto <strong>que</strong> a maldade da fome trazia à saúde do filho. Ao receber o pão,<br />

guardava-o para o filho. Era uma forma de minorar o sofrimento do menino. Para<br />

convencê-lo a comer, dizia-lhe:<br />

- Come, estou sem fome!<br />

reverÊnCia Para a soPa<br />

Quando começaram a distribuir sopa, o sargento de guarda no Estádio fazia a distribuição<br />

em pé ao lado do panelão. Obrigava cada preso a abaixar-se para se servir. Chegava-se a<br />

ele já quase agachado e ele:<br />

- Abaixe-se!<br />

O preso abaixava-se mais um pouco e ele vertia a concha de sopa na xícara. Saía e vinha<br />

o próximo, repetindo a cena:<br />

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