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68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

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Entrei em pânico, desesperado chorei: - Estou louco!<br />

Passei a noite em claro ouvindo o maldito to<strong>que</strong> de alvorada, <strong>que</strong> não me deixava dormir.<br />

Pela manhã, sem dormir, dizia a todos <strong>que</strong> estava louco, não poderia viver ouvindo<br />

a<strong>que</strong>la alvorada, <strong>que</strong> me torturava com seu to<strong>que</strong> permanente.<br />

Foi então <strong>que</strong> Paulo de Tarso e Cyrillo fizeram novamente um movimento de agitação<br />

para <strong>que</strong> fosse enviado um enfermeiro ao salão, para me socorrer. Nesse momento,<br />

deitado e em prantos, não entrei em pânico com a ousadia dos dois!<br />

Mais tarde, sem demora, adentrou no salão um enfermeiro militar com um copo d’água<br />

e uma pílula verde enorme. Quase não a consegui engolir, de tão grande.<br />

Dormi vinte e quatro horas seguidas.<br />

Quando acordei, no dia seguinte, apesar de incomunicável, minha família já tinha<br />

providenciado, com meu médico, um remédio: Kiatrium 10mg, duas vezes por dia.<br />

16.28 barão de MesQuita<br />

440<br />

Colombo Vieira<br />

Estava preso na Polícia do Exército da Rua Barão de Mesquita quando levaram um dos<br />

arrependidos para falar na televisão. Ainda era, para mim, um dos primeiros dias de<br />

tortura e eu mal via outros presos. Encontrava-me em cela solitária ou pelos corredores<br />

ou, quase sempre, em alguma sala “da<strong>que</strong>las” quando fui surpreendido ao ser levado a<br />

uma cela bem grande, com muitos presos, onde havia uma televisão ligada passando<br />

alguma novela... Lembro <strong>que</strong> achei a Glória Menezes linda!<br />

Os demais presos murmuravam entre si e eram repreendidos pelos “catarinas” <strong>que</strong> nos<br />

vigiavam. Fiz <strong>que</strong>stão de olhar um por um os presos para ver se reconhecia alguém. Caso<br />

conhecesse alguém, não o reconheceria... Todos nós formávamos uma massa cor de carne<br />

e hematomas. Fiz <strong>que</strong>stão de <strong>que</strong> todos me vissem... Fui repreendido várias vezes, acabei<br />

levando uma paulada de cassetete <strong>que</strong> ainda dói quando me lembro.

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