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68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

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Clóvis se encontrava no Chile e <strong>que</strong> havia estado com ele no meu retorno ao Brasil. O<br />

Clóvis tinha sido companheiro da Beth.<br />

Por decisão da coordenação, fui morar com a companheira <strong>que</strong> darei o nome de Sara. Eu<br />

e a Sara sempre tivemos problemas no nosso relacionamento. Ela é uma excelente pessoa,<br />

mas, invariavelmente, nossas discussões políticas acabavam em: “Um de nós está na<br />

Organização errada”.<br />

Participei de uma ação em SP e vivia discutindo com o Aimberê. Nossas discussões<br />

estavam cada vez mais ásperas. Fui designado para ficar fazendo contato entre a<br />

Coordenação Nacional de SP e do RJ. Em um desses retornos, encontro com o Aimberê<br />

me esperando com cara de <strong>que</strong> havia acabado o mundo. Pergunto o <strong>que</strong> houve e ele me<br />

diz <strong>que</strong> eu e a Bela Morena havíamos sido liberais quando estávamos com a Beth.<br />

Mencionou <strong>que</strong>, entre outras coisas, eu havia falado do Clóvis e <strong>que</strong> eu e a Bela Morena<br />

estávamos suspensos por três meses e três ações. Nesse período, não poderíamos<br />

participar de nenhuma ação.<br />

Fui passado para o Curumim, companheiro <strong>que</strong> havia assumido um dos GTAs. Ficava<br />

lendo em bibliotecas para passar o tempo e chegar em casa no horário de expediente do<br />

trabalhador comum. Continuava indo e vindo a SP/RJ, levando os informes de SP e<br />

trazendo os do Rio. Nos pontos com Aimberê, muitas vezes, íamos dar cobertura aos<br />

companheiros <strong>que</strong> estavam pegando algum carro e continuávamos nossas discussões<br />

intermináveis. Em um desses retornos do Rio, o Aimberê me encontrou com um semblante<br />

pior do <strong>que</strong> o da vez anterior, chamou-me de liberal, pe<strong>que</strong>no burguês, camarada cheio<br />

de melindres pe<strong>que</strong>nos burgueses. Isso, para nós, na época, era um xingamento muito<br />

pesado. Pegou a Sara, no caminho, <strong>que</strong> confirmou <strong>que</strong> eu havia mandado uma carta para<br />

meus pais procurarem os pais da Gastone. Na carta, explico quais caminhos deveriam<br />

percorrer e o <strong>que</strong> poderia ter acontecido com a Gastone. Eu tinha comentado com ela<br />

tudo <strong>que</strong> fizera. Expli<strong>que</strong>i <strong>que</strong> a carta havia sido enviada para um antigo vizinho e amigo<br />

e <strong>que</strong> ele deveria entregar para meu pai sem <strong>que</strong> a repressão tivesse acesso.<br />

A Bela Morena, <strong>que</strong> postou a carta, teve sua pena dobrada, seis meses e seis ações. Eu<br />

somente voltaria a participar de alguma ação quando ele, Aimberê, achasse <strong>que</strong> eu tinha<br />

responsabilidade para tal. Fi<strong>que</strong>i de molho, indo às bibliotecas, dando cobertura quando<br />

íamos pegar algum carro. Eu estava com o Aimberê em nossas discussões e fazia o<br />

contato da Coordenação Nacional entre SP e RJ.<br />

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