06.05.2013 Views

68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Quando chegou o Natal, continuava o mesmo clima e isso me abalava profundamente<br />

por<strong>que</strong> o Natal na nossa família é uma festa. Sempre foi. Não gosto de lagosta. Mas<br />

na<strong>que</strong>le Natal, para alegrar mamãe, resolvi fazer uma lagosta. Temperei direitinho, com<br />

o choro estrangulando a garganta. Não suportava mais a<strong>que</strong>la tristeza <strong>que</strong> me sufocava.<br />

Na época, estavam construindo as “tesourinhas”, nome <strong>que</strong> nós brasilienses damos às<br />

vias de acesso ao eixo Rodoviário. Raro o carro <strong>que</strong> passava por<strong>que</strong> era cheio de barro,<br />

cimento e máquinas. Fui para o eixo, sentei na calçada e chorei o quanto pude.<br />

De repente, do nada, surgiu um possante caminhão. Trafegava na contramão e bem na<br />

pista central. Quando vi o caminhão, lá estavam três letras <strong>que</strong> promoveram o milagre.<br />

Estava escrito “FNM”. Claro <strong>que</strong> eu sabia o significado da sigla – Fábrica Nacional de<br />

Motores - mas, na mesma hora, entendi <strong>que</strong> a<strong>que</strong>le caminhão viera apenas para me<br />

entregar uma mensagem. Era Feliz Natal Memélia.<br />

Como se fosse um milagre, joguei as lágrimas para longe e voltei para casa, fiz a lagosta,<br />

abri o vinho, brindamos, tirei as fotos e só elas mostram <strong>que</strong> nosso brinde era triste.<br />

16.24 deCisão Que MarCou MinHa vida<br />

422<br />

José Pereira da Silva<br />

Eu e a Gastone achávamos <strong>que</strong> a ALN deveria mudar sua forma de agir. Deveríamos<br />

priorizar o campo, enviar gente e armas para a zona estratégica, escolher áreas a serem<br />

deflagradas, organizar a rede de apoio logístico e, na cidade, tínhamos <strong>que</strong> nos voltar ao<br />

trabalho de base, aos sindicatos e movimento estudantil, sem abrir mão das ações<br />

armadas, de expropriação para manutenção do movimento, assim como de ações<br />

armadas de propaganda.<br />

Queríamos discutir nossas propostas com a direção da Organização como também com<br />

os demais militantes, nem <strong>que</strong> fosse por meio de documentos, para mantermos a<br />

segurança necessária.<br />

Vínhamos com as posições assumidas em Cuba e pensávamos muito próximo do pessoal<br />

<strong>que</strong> formou o MOLIPO. Nossa grande diferença estava em acharmos <strong>que</strong> o racha, se

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!