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68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

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social. Orientei politicamente grupos de alunos da engenharia da UFRJ e da PUC, <strong>que</strong><br />

ainda tinha diretórios abertos e onde funcionavam mimeógrafos <strong>que</strong> imprimiam nossas<br />

palavras de resistência e protesto. Entre os militantes da PUC, destacou-se o atual<br />

governador da Bahia, Ja<strong>que</strong>s Wagner.<br />

Além do MURD, fiz parte de uma CCM (Coordenação de Camadas Médias) <strong>que</strong> pretendia<br />

renovar o trabalho com outros setores de classe média. Concluí esse trabalho muitos<br />

anos depois, em 1977, quando obtivemos, por intermédio do REME (Movimento de<br />

Renovação Médica), a retomada do espaço sindical e elegemos o Dr. Rocco presidente do<br />

Sinmed-RJ.<br />

Abrimos grande espaço para os movimentos dos médicos residentes (quase estudantes<br />

em transição), acabamos com o tabu de uma militância apenas juvenil e estudantil e<br />

galgamos espaços de luta na maturidade profissional. A vitória histórica do REME deu-se<br />

antes das greves do ABC em São Paulo.<br />

Prestei também assistência logística ao, então, MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de<br />

Outubro) ao guardar, na casa da saudosa Terezinha de Jesus Carvalho, “Aurora”, vários<br />

companheiros, entre eles, o Bento, mais conhecido por Gabeira e, também, o ímpar<br />

Stuart Angel, covardemente assassinado, mais tarde, nas dependências da Aeronáutica,<br />

no Galeão.<br />

Em 1971, ainda por ocasião do cerco e perseguição seguintes ao se<strong>que</strong>stro do embaixador<br />

americano Charles Elbrick, fui preso na casa de minha mãe, em Ipanema, em 15 de abril.<br />

Passei quarenta e dois dias no DOI-CODI, antes de ser transferido para o BCC (Batalhão<br />

de Carros de Combate), onde ocorria o inquérito do meu processo e o clima de intimidação<br />

era já menor.<br />

Nossos colegas da Faculdade de Medicina fizeram protestos <strong>que</strong> saíram na imprensa. O<br />

jornal Última Hora publicou nossos retratos e, com isso, de certo modo, garantiu <strong>que</strong><br />

não fôssemos “desaparecidos”. Ali, fomos visitados pelo Diretor da Faculdade, o saudoso,<br />

digno, corajoso e sempre elegante professor José de Paula Lopes Pontes, acompanhado<br />

pelo professor Lauro Solero, catedrático de Farmacologia e diretor do Instituto Biomédico.<br />

Na época, disse ao Diretor <strong>que</strong>, após tudo <strong>que</strong> vivera na<strong>que</strong>las semanas, podia dar muito<br />

mais valor a uma frase <strong>que</strong> ele proferira em sala de aula, é claro, com a prévia solicitação:<br />

“meus alunos, desliguem agora seus gravadores...” e então profetizava: “antes um<br />

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