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68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

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16.20 o PiJaMa<br />

Emilio Mira y Lopez<br />

Aprendi com ensinamentos budistas <strong>que</strong> um grama de bem vale mais <strong>que</strong> uma tonelada<br />

de mal.<br />

Em 19<strong>68</strong>, eu estava cursando o pré-vestibular de Medicina, no curso Miguel Couto, do<br />

professor Victor Nótrica, em Copacabana, quando, após um intervalo de aulas, um<br />

professor anuncia <strong>que</strong> estavam presentes alunos da Faculdade de Medicina para nos<br />

dirigir algumas palavras. Para minha surpresa, meu irmão Rafael, <strong>que</strong> fora muito bem no<br />

vestibular, já <strong>que</strong> entrou em terceiro lugar na UFRJ, ali estava, com seus colegas, falando<br />

das passeatas após a morte de Edson Luís. Eles solicitavam auxílio e rodavam o chapéu<br />

para a aquisição de megafones <strong>que</strong> seriam usados por lideranças, como Wladimir<br />

Palmeira, para a<strong>que</strong>la <strong>que</strong> viria a ser a famosa Passeata dos 100 mil.<br />

Eu estudara, como ele, no Colégio de Aplicação da UFRJ e tinha participado do Grêmio<br />

Odylo Costa Neto, como presidente com alguma militância secundarista na AMES. Desde<br />

a época das passeatas, empenhei-me no, então, Movimento de Vestibulandos cujas<br />

bandeiras eram, entre outras, “Abram as portas das Universidades”, “Mais vagas nas<br />

faculdades”, “Em defesa da universidade pública”, “Mais verbas para a educação”, “Abaixo<br />

o Acordo MEC-USAID”. Aprofundamos, dessa forma, uma consciência antiimperialista<br />

sintetizada na frase de Otto Maria Carpeaux, jornalista do Correio da Manhã: “FMI =<br />

Fome e Miséria Internacional”.<br />

Entrei na Faculdade em 1969, no descenso do ME (Movimento Estudantil), com forte<br />

repressão concomitante com o AI-5, a dissolução do Congresso, o fechamento dos<br />

Diretórios Acadêmicos, a <strong>que</strong>da do congresso da UNE, em Ibiúna. Comecei minha<br />

militância em um grupo de estudos de materialismo dialético e histórico e, depois, em<br />

um grupo de ação em panfletagens e pichações de palavras de ordem como, por exemplo,<br />

“Pau nos dedos-duros”, quando houve o acirramento da luta contra a repressão.<br />

Participei do MURD (Movimento Universitário de Resistência à Ditadura), <strong>que</strong> tentava a<br />

continuidade do Movimento Estudantil, quando uma leva de militantes, a maioria<br />

estudantes, viram-se paralisados pela opção e beco da clandestinidade, “congelados” em<br />

“aparelhos” ou “geladeiras” para evitar a prisão, mas perdendo a circulação e a mobilidade<br />

<strong>68</strong> a geraçao <strong>que</strong> <strong>que</strong>ria mudar o mundo: <strong>relatos</strong> relaToS - PriSõeS / ViolÊNCia iNSTiTUCioNal / Terror De eSTaDo 415

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