06.05.2013 Views

68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

massacre, o extermínio – é caminhar num fio de navalha, numa “corda bamba”. Esse<br />

“equilibrismo” é auxiliado pelas palavras do poeta Paulinho da Viola – quando do<br />

lançamento de um filme documentário sobre sua obra.<br />

- É uma coisa muito minha ter essa sensação de <strong>que</strong> todas as coisas <strong>que</strong> eu vivi,<br />

experimentei, senti ou vi estão agora aqui comigo.<br />

Contar essas memórias significa, sem dúvida, tentar navegar por outras histórias,<br />

diferentes da oficial <strong>que</strong> nos tem sido apresentada e afirmada como única e verdadeira.<br />

Há <strong>relatos</strong> <strong>que</strong> atravessam e constituem todos nós, mesmo os <strong>que</strong> não tiveram com<br />

a<strong>que</strong>les tempos implicações tão intensas ou <strong>que</strong> neles não viveram.<br />

O conhecimento do passado <strong>que</strong> nos tem sido imposto seleciona e ordena os fatos<br />

segundo alguns critérios e interesses e, com isso, constrói zonas de sombras, silêncios,<br />

es<strong>que</strong>cimentos, repressões e negações. A memória “oficial” tem evidenciado, portanto,<br />

seu lado perverso, pelas práticas dos “vencedores” com o intuito de apagar os vestígios<br />

<strong>que</strong> os tornados subalternos e os opositores, em geral, têm deixado ao longo de suas<br />

experiências de resistência e luta. A versão “oficial” tem engendrado distorções,<br />

estimulado a ignorância a respeito dos embates ocorridos em nosso país, como se os<br />

“vencidos” não estivessem presentes no cenário político e, ainda, apaga, até mesmo, seus<br />

projetos e utopias.<br />

Entretanto, apesar desse poderio, não tem sido possível ocultar ou eliminar a exposição<br />

cotidiana de outras realidades. Não obstante essas estratégias de silenciamento e<br />

acobertamento, outros fatos vazam, escapam e, de vez em quando, reaparecem, invadindo<br />

muitos de nós. Por isso, falar deles é afirmar/fortalecer experiências ignoradas,<br />

desqualificadas, negadas.<br />

Toda uma geração de jovens estudantes, intelectuais e artistas – e ali estava eu – vivemos<br />

intensamente o alegre e descontraído início da década de 60, continuação do <strong>que</strong> ficou<br />

conhecido como os famosos “anos dourados” – os anos 50 da Bossa Nova, do bemhumorado<br />

e sorridente presidente JK, Juscelino Kubistcheck <strong>que</strong> governou o país de<br />

1956 a 1961. A<strong>que</strong>les tempos destacaram-se pela implementação de projetos das<br />

chamadas reformas de base e de desenvolvimento nacional, frente ao reordenamento<br />

monopolista do capitalismo internacional, o <strong>que</strong> gerou uma política populista dos<br />

governos de Jânio Quadros até 1961 e João Goulart de 1961 a 1964.<br />

40

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!