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68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

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com um delicioso sabor de vitória, ao ter ludibriado toda a Polícia Política de São Paulo,<br />

foi viver uma oportunidade de muita satisfação e alegria.<br />

O Espinosa era estudante de Filosofia e um dos líderes do movimento de es<strong>que</strong>rda em<br />

Osasco. Na hora em <strong>que</strong> ele chegou, o espaço para falarmos das emoções do dia foi muito<br />

curto. Foi como se, rapidamente, a<strong>que</strong>le dia tivesse se tornado um passado. Eu, depois de<br />

algumas horas ausente, estava reassumindo minhas responsabilidades na condução do<br />

movimento.<br />

Após os informes do Espinosa sobre os acontecimentos do dia em Osasco, ficou claro <strong>que</strong><br />

a polícia tinha ocupado ou controlava o movimento em todos os locais em <strong>que</strong><br />

organizávamos nossos encontros. Estava difícil organizar qual<strong>que</strong>r reunião mais ampla.<br />

Tínhamos poucas alternativas.<br />

Também tínhamos claro <strong>que</strong>, a partir do momento em <strong>que</strong> o Diretor do DOPS percebesse<br />

<strong>que</strong> tinha sido ludibriado, todos os policiais estariam <strong>que</strong>rendo me prender. Jamais podia<br />

pensar em voltar a morar na casa dos meus pais. Para evitar a prisão novamente, sem<br />

chances de sair em poucos dias, teria <strong>que</strong> tomar muitos cuidados.<br />

No dia seguinte, juntamente com alguns companheiros metalúrgicos, constatamos <strong>que</strong><br />

muitos operários estavam voltando ao trabalho e nós não tínhamos condições de dialogar<br />

com eles nas portas das fábricas, por causa da forte presença policial. Como última<br />

tentativa, decidimos organizar grupos de operários <strong>que</strong> iriam procurar reatar o diálogo<br />

com os trabalhadores, conversar e distribuir panfletos em pontos chaves para a passagem<br />

deles, como as estações de trem e de ônibus, pontes e passarelas, etc. Mesmo em alguns<br />

desses pontos, a polícia chegou e foi uma correria.<br />

Depois do episódio da greve, passei a viver na clandestinidade como militante da<br />

Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Na<strong>que</strong>las condições, para alugar uma casa,<br />

para viver clandestinamente, a gente tinha <strong>que</strong> tomar muitas precauções. Foi então <strong>que</strong><br />

eu e minha namorada decidimos antecipar o nosso casamento. Casamo-nos já na<br />

clandestinidade. Como casal oficialmente constituído, alugamos, tranquilamente, uma<br />

casa, onde moramos até o dia 2 de fevereiro de 1969. Neste dia, como seguidamente<br />

fazia, saí cedo de casa para me encontrar com um companheiro da VPR.<br />

Sempre procurávamos marcar os encontros em locais movimentados para evitar suspeita.<br />

Nesse dia mar<strong>que</strong>i em um ponto de ônibus. Ao chegar, de longe avistei a pessoa <strong>que</strong> me<br />

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