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68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

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cassetete de madeira guarnecido de estrias de aço. Relato publicado por Jacob Gorender,<br />

Combate nas Trevas, São Paulo: Ática, 1987, p.180-181.<br />

16.14 oPerÁrio, estudante, CoMunista<br />

392<br />

Ro<strong>que</strong> Aparecido da Silva<br />

Sabe quando a gente vive uma experiência <strong>que</strong> tem um momento de muita apreensão,<br />

em seguida outro de muita felicidade e, em um momento posterior, a mesma situação é<br />

vivida de forma horrorosa? Pois é, foi isso <strong>que</strong> aconteceu comigo.<br />

Em 19<strong>68</strong>, fui um dos principais líderes da greve dos metalúrgicos de Osasco. A greve foi<br />

deflagrada às 8h45min do dia 16 de julho. No primeiro dia, duas fábricas foram ocupadas<br />

pelos trabalhadores e, em outras duas, os operários pararam e foram para o sindicato<br />

onde permaneceram reunidos. À noite desse mesmo dia, a Polícia Militar, de forma<br />

violenta, desocupou a<strong>que</strong>las duas fábricas, prendeu centenas de operários e invadiu<br />

militarmente a cidade de Osasco com carros brucutus e tatus pelas ruas. Mesmo assim,<br />

na manhã do dia 17, os trabalhadores de outras três fábricas pararam, sendo <strong>que</strong> os da<br />

Brown Boveri desafiaram as tropas nas ruas e percorreram dois quilômetros em passeata<br />

até o Sindicato dos Metalúrgicos. Foi um dia todo de tensão para centenas de operários<br />

<strong>que</strong> permaneceram no local. Sabíamos <strong>que</strong>, a qual<strong>que</strong>r hora, a tropa de cho<strong>que</strong> poderia<br />

chegar, invadir o Sindicato e prender todos nós.<br />

Mais ou menos às 16 horas, chega um senhor, protegido por um grupo de soldados,<br />

dizendo <strong>que</strong> tinha sido decretada a intervenção no Sindicato, <strong>que</strong> ele era o Interventor e<br />

<strong>que</strong> estava lá para assumir o cargo. Como resposta, ouviu dos companheiros <strong>que</strong><br />

“guardavam” o portão de entrada, <strong>que</strong> ali era uma casa de trabalhadores e <strong>que</strong> não<br />

permitiriam a entrada de Interventor. Depois de um longo e tenso bate-boca, o cara foi<br />

embora dizendo <strong>que</strong> voltaria com uma tropa de cho<strong>que</strong> para cumprir a ordem <strong>que</strong> tinha<br />

recebido de assumir a direção do Sindicato.<br />

Em seguida, realizamos a última assembleia no Sindicato, <strong>que</strong> eu presidi. Apresentaramse<br />

três propostas sobre qual atitude deveríamos assumir no instante em <strong>que</strong> chegasse a<br />

tropa de cho<strong>que</strong>. A primeira, apresentada por um companheiro trotskista-posadista,<br />

sugeria <strong>que</strong> colocássemos cabos elétricos de alta tensão na entrada e resistíssemos até o

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