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68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

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No Rio de Janeiro, trabalhou no jornal A Classe Operária, até o golpe militar em abril<br />

de 1964, quando passou a viver na clandestinidade.<br />

Por volta de 1967 o PC do B começou a organizar a guerrilha do Araguaia. Solução<br />

extrema, em decorrência da necessidade de se enfrentar a ditadura militar. No início da<br />

guerrilha, minha mãe, Igor e eu, com outros nomes, fomos morar no Brooklyn, bairro de<br />

classe média de São Paulo. Minha vida estava mais bem estruturada para atender às<br />

necessidades do Partido. Eu havia feito curso supletivo e, em seguida, o vestibular para a<br />

Faculdade de Letras. Trabalhava como professora substituta em escolas públicas e<br />

particulares de São Paulo.<br />

Um grupo guerrilheiro começa a se aglutinar ligando-se às massas camponesas no sul do<br />

Pará até o norte de Goiás, atualmente, estado do Tocantins. A área de atuação da<br />

guerrilha alcançava no total de 6.500 km². O contingente guerrilheiro contava com 69<br />

membros e chegou a organizar 86, divididos em três destacamentos: A, B e C. A população<br />

da área onde atuavam os destacamentos era de aproximadamente vinte mil habitantes.<br />

Contra esse pe<strong>que</strong>no contingente, a ditadura mobilizou cerca de vinte mil homens do<br />

Exército, Marinha, Aeronáutica e Polícia Militar do Pará, sob o comando dos Generais<br />

Vianna Moog e Antonio Bandeira.<br />

Os revolucionários, ainda saíram vitoriosos nas duas primeiras campanhas apesar de<br />

terem sofrido algumas baixas. Já na terceira campanha, por terem subestimado o inimigo,<br />

foram derrotados. André morreu vítima de uma emboscada, em 14 de outubro de 1973.<br />

Meu pai e Gilberto tombaram em 25 de dezembro de 1973, depois de um intenso tiroteio<br />

com as forças inimigas.<br />

Em 16 de dezembro de 1976, aconteceu o episódio denominado “Chacina da Lapa”,<br />

ata<strong>que</strong> a tiros à casa de número 767 da Rua Pio XI, no bairro da Lapa, onde o Comitê<br />

Central do PC do B esteve reunido entre os dias 11 e 15 de dezembro de 1976. Perdemos<br />

o contato com o Partido, <strong>que</strong> somente foi restabelecido após a Lei da Anistia.<br />

Essa Lei anistiou todos a<strong>que</strong>les <strong>que</strong>, no período compreendido entre 2 de setembro de<br />

1961 e 15 de agosto de 1979, cometeram crimes políticos ou conexos, crimes eleitorais<br />

ou tiveram seus direitos políticos suspensos. Anistiou, também, os servidores da<br />

Administração Direta e Indireta, de fundações vinculadas ao poder público, aos Servidores<br />

dos Poderes Legislativo e Judiciário, aos Militares e aos dirigentes e representantes<br />

sindicais, punidos com fundamento em Atos Institucionais e Complementares.<br />

<strong>68</strong> a geraçao <strong>que</strong> <strong>que</strong>ria mudar o mundo: <strong>relatos</strong> relaToS - PriSõeS / ViolÊNCia iNSTiTUCioNal / Terror De eSTaDo 381

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