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68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

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Entretanto, o movimento necessitava de um respaldo financeiro e, depois de muitos<br />

estudos, muitas noites de vigília e muitos debates, chegou-se a um consenso geral,<br />

solução audaz e perigosíssima: o “empréstimo” bancário.<br />

Depois de minudenciado cada detalhe, como o fator surpresa, a pressa, a perfeição, a<br />

retaguarda e a fuga, iniciaram-se os assaltos a bancos em série, todos com êxito. À<strong>que</strong>la<br />

época, essas instituições financeiras eram desprotegidas. Não havia a parafernália<br />

eletrônica de defesa de hoje em dia.<br />

Grandes somas de dinheiro (muitos milhares de cruzeiros novos) passaram a sustentar a<br />

fermentação política <strong>que</strong> crescia pelo país.<br />

Soube <strong>que</strong>, depois de muitas prisões em casa, por denúncias anônimas dos contra, a<br />

ordem geral aconselhava <strong>que</strong> cada membro não mantivesse residência fixa. Por motivo<br />

de segurança, deveria mudar-se, continuamente, de apartamento ou de casa. Refiro-me<br />

aos chamados “aparelhos”, mantidos às expensas da organização, com muita vigilância<br />

nas cercanias, exercida por militantes disfarçados em transeuntes comuns, pelas ruas e<br />

bares <strong>que</strong>, diante de um mínimo indício de aparecimento da repressão, davam o alerta,<br />

por intermédio de um som ou sinal previamente combinado, proporcionando o tempo de<br />

fuga aos camaradas alojados nos aparelhos. Mas as forças armadas passaram a usar<br />

carros descaracterizados, o <strong>que</strong> dificultou em muito o trabalho dos vigilantes.<br />

Frente ao crescimento do movimento e ao seu maior preparo, já <strong>que</strong> utilizava até táticas<br />

de guerrilha urbana, os serviços de informação do Exército, Marinha e Aeronáutica<br />

resolveram fechar o cerco. Aí começou o sufoco: centenas e centenas de prisioneiros,<br />

torturas vis e criminosas <strong>que</strong> lembravam épocas medievais, desaparecimentos de muitos<br />

jovens, infiltração de organismos internacionais <strong>que</strong> se imiscuíram nas Forças Armadas,<br />

para “ajudar” a manter a “democracia” em nosso país.<br />

Como salvar os companheiros ainda vivos? Vieram os se<strong>que</strong>stros de pessoas importantes,<br />

embaixadores estrangeiros, <strong>que</strong> serviram como valiosas mercadorias de troca, tal a<br />

notoriedade de cada um. Enormes listas de prisioneiros eram enviadas às forças de<br />

repressão <strong>que</strong>, a princípio, não concordavam com o número exorbitante (para eles) de<br />

arruaceiros e antidemocratas (também para eles), <strong>que</strong> provocavam a desordem no país<br />

(ainda para eles). Depois de alguns impasses, finalmente os prisioneiros eram trocados,<br />

isto é, levados para outro país e libertados em troca da soltura do diplomata (benditos<br />

se<strong>que</strong>stros a<strong>que</strong>les...). Os <strong>que</strong> escolheram o Chile tiveram a desventura de lá encontrar<br />

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