06.05.2013 Views

68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Sete anos depois, na Argentina, desta vez é ele o ocupante do carro ao lado. Parando no<br />

estacionamento do clube, fim-de-semana: 40 graus. Observa um carro <strong>que</strong> chega, um<br />

casal com os vidros fechados. Ela guia, o homem está mais próximo, com um paletó<br />

elegante. Pode ver o suor <strong>que</strong> escorre pelo pescoço dele. A lembrança vem pela velocidade<br />

das gotas, a mesma sensação de afogamento, da impossibilidade de tirar o paletó. Olha<br />

para o sócio <strong>que</strong> o acompanha, e este ri. “Eu os conheço. Sempre fazem isso. Ao chegar<br />

no clube, fecham os vidros para <strong>que</strong> pensemos <strong>que</strong> o carro tem ar condicionado...”<br />

Memória de coisas antigas, guardadas em um bolorento coldre de couro, pendurado<br />

atrás da porta do banheiro de um aparelho <strong>que</strong> caiu. Prisioneiro do <strong>que</strong> esconde, lembra<br />

sempre, sempre, do suor. Para <strong>que</strong> lembrar mais?<br />

15.13 MoviMento estudantil e seQuestro<br />

Colombo Vieira de Sousa Junior<br />

Minha vivência de movimento estudantil restringiu-se aos secundaristas de Niterói.<br />

Nossa atuação era quase clandestina, para não atrair a repressão sobre nós, <strong>que</strong> já<br />

pensávamos a guerrilha como o único meio de enfrentar a ditadura e sonhávamos com<br />

um Brasil vietcongue, com nossa Longa Marcha ou com nossa Serra Maestra.<br />

Nosso grupo recomendava participar do ME evitando posições de desta<strong>que</strong>. Só <strong>que</strong> o<br />

assassinato de Edson Luiz não nos permitia deixar <strong>que</strong> as escolas de “Niquit” ficassem<br />

sem se manifestar, particularmente, o Liceu, <strong>que</strong> era a grande escola estadual da capital<br />

do velho Estado do Rio.<br />

Foi então <strong>que</strong> eu e um pe<strong>que</strong>no grupo de militantes entendemos <strong>que</strong> tínhamos <strong>que</strong><br />

tomar a iniciativa. Tínhamos companheiros no turno da manhã e turno da tarde. Era<br />

preciso encontrar alguém do noturno <strong>que</strong>, apesar de mais politizado, era polarizado por<br />

companheiros do partidão, <strong>que</strong> viam qual<strong>que</strong>r movimentação como provocação...<br />

Alguém da Organização propôs <strong>que</strong> falássemos com o professor Carias, Diretor do turno<br />

noite. Ele poderia nos dar dicas de estudantes <strong>que</strong> pudessem assumir a<strong>que</strong>le movimento.<br />

342

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!