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68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

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Com esse arsenal rudimentar nos dirigimos à nossa empreitada. Era um dia de sol<br />

esplendoroso. Não me lembro qual era o banco visado nem onde ficava. Certamente,<br />

algum recanto da zona norte. O plano de ação era complicado. Outra equipe, <strong>que</strong><br />

chegaria ao local em outro veículo, nos daria cobertura. Fugiríamos no Aero Willys até<br />

uma rua secundária onde nos aguardaria outro carro para baldeação. Descemos do carro,<br />

a uma distância de uma meia quadra, cinco homens, e nos dirigimos para o alvo, em fila<br />

indiana, dois conduzindo pesadas bolsas. Não me lembro <strong>que</strong>m ia na frente, mas ele<br />

seguiu direto, sem entrar no banco, e os outros atrás. Mais adiante paramos e o líder disse<br />

<strong>que</strong> havia visto algo suspeito – uma pessoa ou um carro parado. Voltamos em fila indiana.<br />

Quando nos aproximávamos da meta, alguém ponderou <strong>que</strong> já havíamos dado muita<br />

“bandeira”, nos portado de modo estranho, em frente a um banco, por bastante tempo,<br />

<strong>que</strong> a<strong>que</strong>le objetivo tinha sido “<strong>que</strong>imado” e <strong>que</strong> deveríamos desistir da ação. Voltamos<br />

para o carro. Encontramo-nos, mais adiante, com a equipe de cobertura <strong>que</strong> foi<br />

dispensada, assim como o carro de baldeação. Seguimos, a esmo, no Aero Willys,<br />

discutindo, irritados, o fracasso, causado por excesso de zelo. Aventamos entrar em<br />

qual<strong>que</strong>r banco e executar a ação, de improviso. Foi quando o Motorista afirmou<br />

conhecer uma agência excelente, muito adequada. Concordamos e ele tomou a direção<br />

de Realengo.<br />

Chegamos ao banco. Tudo sossegado. Pouca gente na rua. Estacionamos em frente. O<br />

Motorista ficou no carro. Nós, outros, adentramos o recinto. Sacolas abertas, armas<br />

sacadas, metralhadoras em riste, rendemos os circunstantes.<br />

Um homem, em frente a um dos caixas, segurava uma maçaroca de dinheiro <strong>que</strong> ainda<br />

não havia tido tempo de depositar. Eu, no melhor estilo Robin Hood – interessado<br />

somente em esvaziar as recheadas algibeiras do Xerife de Nottingham e incapaz de<br />

despojar seus vassalos ou servos da gleba –, disse ao homem <strong>que</strong> guardasse o dinheiro.<br />

Mais tarde, me arrependi. Eu devia ter mandado o caixa completar o depósito e<br />

expropriado a grana.<br />

Seguindo o protocolo bancário implementado pelo Mariga em São Paulo, após fazer o<br />

gerente abrir o cofre e esvaziá-lo, remetemos todos para o banheiro. Um rapaz, entretanto,<br />

tentou fugir por uma porta dos fundos. O Tigre, percebendo a movimentação, arremeteu<br />

sobre o incauto, um revólver em cada mão e a faca nos dentes, e, como um bom pastor,<br />

o reconduziu com o rebanho para dentro do aposento sanitário.<br />

<strong>68</strong> a geraçao <strong>que</strong> <strong>que</strong>ria mudar o mundo: <strong>relatos</strong> relaToS - lUTa arMaDa 319

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