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68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

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um imediato plano de ação. Eu tinha 43 anos e estava na plenitude de meu vigor físico<br />

e intelectual. Chegando ao Uruguai, reuni-me com outros integrantes e líderes do MNR:<br />

primeiro um grupo de seis pessoas, <strong>que</strong> depois foi reduzido para três, comigo quatro. Eu<br />

tinha <strong>que</strong> voltar dentro de duas semanas e ficou resolvido <strong>que</strong> eu e outro militante<br />

iríamos transportar armas para São Paulo. Levamos eu e um ex-fuzileiro, em duas malas,<br />

quatro carabinas de repetição e munição para 400 tiros. Viajamos de trem de Montevidéu<br />

até a fronteira do Brasil: Rio Branco do lado do Uruguai e Jaguarão do lado do Brasil. Em<br />

Rio Branco, fomos com as malas – a minha com a munição e a do meu companheiro com<br />

as carabinas – para o hotel indicado. Segundo o combinado, viriam camaradas de<br />

Jaguarão a fim de pegar as malas e passá-las para o Brasil. Eles chegariam de manhã<br />

cedo. Entretanto, à noite, enquanto estávamos dormindo, a polícia uruguaia invadiu o<br />

hotel. Quando esses policiais irromperam em nossos quartos, pensavam <strong>que</strong> éramos<br />

contrabandistas e ficaram surpresos com o conteúdo das malas.<br />

- De quién son esas municiones?<br />

- Não sei, respondi.<br />

- Son suyas?<br />

- Não, eu sou limpo! Contestei.<br />

- No son suyas?<br />

- Não, eu sou limpo! Insisti.<br />

Diálogo cômico, pois, na época, eu não dominava o espanhol...<br />

Meu companheiro também negou ter algo a ver com a outra mala <strong>que</strong> estava em seu<br />

quarto. Fomos presos e espalhou-se a notícia de <strong>que</strong> polícia havia capturado “guerrilheiros<br />

brasileiros”. A notícia correu rápido e chegou em Montevidéu. Alertada pelo MNR, a<br />

es<strong>que</strong>rda do Uruguai se mobilizou e nos colocou sob sua proteção. Fomos levados de Rio<br />

Branco para Melo. Dormimos uma noite na delegacia de Melo e, no dia seguinte, fomos<br />

transferidos, presos, para a capital. Lembro-me de <strong>que</strong> os jornais uruguaios noticiaram<br />

fartamente nossa prisão na<strong>que</strong>le país. Em Montevidéu, fomos entregues à Intendência<br />

de Polícia. Ficamos presos quatro dias. Perguntavam pela origem das armas e munições<br />

e, todo o tempo, negamos <strong>que</strong> as malas fossem nossas. Alegamos <strong>que</strong> elas tinham sido<br />

trocadas. A es<strong>que</strong>rda uruguaia, junto com o MNR, constituiu um advogado e, no quinto<br />

<strong>68</strong> a geraçao <strong>que</strong> <strong>que</strong>ria mudar o mundo: <strong>relatos</strong> relaToS - lUTa arMaDa 315

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