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68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

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Honestino Monteiro Guimarães 6 . Em fins de 1964, mudei-me para Goiânia onde fui<br />

arregimentado pelos militantes da recém criada Ação Popular, ou popularmente<br />

conhecida por AP. Em 1966, tornei-me líder estudantil em Goiás e, por várias vezes, fui<br />

preso como agitador e subversivo. Eu havia me tornado presidente da Confederação<br />

Goiana dos Estudantes, entidade secundarista fundada pelo atual Presidente do Banco<br />

Central, Henri<strong>que</strong> Meirelles. Os secundaristas éramos muito ativos e participantes.<br />

Travamos um duelo com o pessoal do Partidão (PCB), <strong>que</strong> dividia com a AP a liderança do<br />

movimento estudantil em Goiânia. Foram momentos de muita agitação e mobilização<br />

contra a ditadura, até dezembro de 19<strong>68</strong>, quando o governo baixou o AI-5, <strong>que</strong> fechou<br />

as portas para a contestação dentro das estreitas normas legais. A partir daí, muitos<br />

companheiros desenvolveram dentro da AP, uma luta interna <strong>que</strong> colocava em causa a<br />

luta “legal” e pacífica como forma de enfrentar o terrorismo do governo militar.<br />

Nessa ocasião eu estava em liberdade condicional, obrigado a bater ponto na Polícia<br />

Federal semanalmente e, ainda, tinha uma pena de confinamento. Por determinação da<br />

Justiça Militar, não podia sair da cidade. Decidi pelo tudo ou nada. Um grupo da<br />

organização, dentre eles eu e outros companheiros, saiu da AP e optou por se ligar ao<br />

pessoal de Minas Gerais, por influência do Carlos Alberto (Breno), <strong>que</strong> havia criado a<br />

Colina. Em seguida, esse grupo, por várias circunstâncias, se transformou na VAR-<br />

Palmares. Em setembro de 1969, um dos meus processos seria julgado em Juiz de Fora.<br />

Fi<strong>que</strong>i na berlinda, não fui ao julgamento e, como estava previsto, fui condenado, junto<br />

com o companheiro Marcantonio Della Corte, <strong>que</strong> já estava preso por outro processo. O<br />

pessoal da organização me mandou para Brasília, onde fi<strong>que</strong>i um tempo depois do<br />

julgamento, esperando a poeira baixar. O companheiro “Marison” me contatou em<br />

Brasília e me disse:<br />

- Você vai ser transferido para o Rio de Janeiro, onde temos uma missão para você.<br />

Eu disse tudo bem. Ele me passou “o ponto”, <strong>que</strong> seria no restaurante Spaghettilândia, na<br />

Avenida Nossa Senhora de Copacabana, e a senha. Eu perguntei pela grana da viagem. O<br />

companheiro “Marison” me passou o dinheiro <strong>que</strong> só era suficiente para chegar ao Rio,<br />

dormir uma noite e comer um sanduíche na viagem.<br />

- E se houver algum contratempo, quando será o próximo ponto? - perguntei.<br />

6 Ex- Presidente da UNE, assassinado pelos militares nos anos 70.<br />

<strong>68</strong> a geraçao <strong>que</strong> <strong>que</strong>ria mudar o mundo: <strong>relatos</strong> relaToS - ClaNDeSTiNiDaDe e SoliDarieDaDe 307

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