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68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

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- Pedro, <strong>que</strong> satisfação rever-lhe - diz ele. - Estou aqui acompanhando a minha filha <strong>que</strong><br />

está nessa caravana cultural.<br />

- Qual o nome de sua filha, General?<br />

- Amélia Dutra.<br />

- General, o senhor não vai me dizer <strong>que</strong> é a Amelinha, presidenta do Centro Acadêmico<br />

de Música?<br />

- É ela, com certeza, Pedro. Olha, fiz <strong>que</strong>stão de vir aqui, também, para ver se me<br />

encontrava com você para lhe dizer o <strong>que</strong> está atravessado em minha garganta. Agora<br />

estou com vocês, Pedro. Mudei. Vocês têm razão. Visitei as Américas e cheguei à conclusão<br />

de <strong>que</strong> temos um inimigo comum a vencer: a dominação norte-americana.<br />

Abraçamo-nos como patriotas. Creio <strong>que</strong> o General começou a mudar durante o IPM <strong>que</strong><br />

ele presidira: sua honestidade permitiu-lhe sentir de <strong>que</strong> lado estavam a dignidade e o<br />

desprendimento em favor do país.<br />

Aqui honro a atitude do soldado Bezerra, da PM do Ceará, quando, ao atender a ordem<br />

de me retirar da cela da PM e me entregar a agentes da Polícia Federal, aceitou meu<br />

pedido para esconder nos bolsos do seu uniforme as cartas de Tereza (protegida por<br />

amigos num lugar qual<strong>que</strong>r de Fortaleza), <strong>que</strong> descreviam os ajustes de suas declarações<br />

às minhas, caso caísse presa. Falavam, ainda, falavam da nossa Izabela. As cartas,<br />

entregues por Bezerra a Lourival Zito e Fabiani Cunha, <strong>que</strong>ridos companheiros presos na<br />

cela vizinha, foram devidamente <strong>que</strong>imadas.<br />

Destaco amigos e amigas, expostos a perigos, <strong>que</strong> ajudaram no parto clandestino de<br />

Tereza, na proteção a ela e à Izabela, recém nascida, até a fuga para João Pessoa. Essas<br />

mãos dadivosas têm nomes: Marília Teixeira, Horlando Braga e Silva, Lúcia e Chico Farias,<br />

Arlindo Teixeira Luz e Maria, Luiz Teixeira Neto, Zaneir, Paulo da Cruz Matos, os amigos<br />

da Medicina.<br />

Quando do retorno do Araguaia, encontramos acolhimento na casa de João e Tetê<br />

Sandes, em Teresina, Piauí. Voltei à cidade outra vez em 1973 em busca da paz impossível.<br />

Na chegada, novas borrascas, ameaças e tocaias inimigas. Já não dava mais. “Brasil,<br />

ame-o ou deixe-o”, é o lema da ditadura. Forçado, deixei-o por amor. Homero Castelo<br />

<strong>68</strong> a geraçao <strong>que</strong> <strong>que</strong>ria mudar o mundo: <strong>relatos</strong> relaToS - ClaNDeSTiNiDaDe e SoliDarieDaDe 301

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