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68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

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atual Instituto Federal de Educação e Tecnologia do Ceará (IFETCE). No Quartel de<br />

Comando, o Cel. Perboyre ordena a renúncia ao cargo. Renúncia repelida.<br />

E chega o dia de mais violência. Arrastam-me de minha casa, quando curtia o tempo de<br />

espera da tarde de domingo com Suely, minha namorada. Os personagens são os mesmos:<br />

um oficial militar e Brioso. Como troféu, vejo-me em périplos por bordéis de rameiras e<br />

delegacias de polícia. Sob revólver e cassetete, as genuflexões constrangedoras em ruas<br />

e avenidas da cidade e a exigência dos nomes dos comunistas. Nomes negados.<br />

A prisão na cela do 23º BC, em Fortaleza e a surpresa do encontro com velhos amigos,<br />

prisioneiros já passados pelas mãos gigantemente rudes de Brioso. A inquirição do Cel.<br />

Hugo Hortêncio de Aguiar como ritual de passagem para a maturidade temporã. A<br />

soltura. O retorno aos estudos, novos interrogatórios no IPM instaurado na Escola.<br />

Ameaça de expulsão. Eleição como orador da turma. Oração proibida. Ao final, sou<br />

Técnico em Construção de Estradas.<br />

A aprovação em direito na UFC. Nova vida, novos ares, antigos e novos amigos, o novo<br />

amor <strong>que</strong> a ditadura frustrou. A mesma luta. Eleição para o DCE, a passeata dos vinte mil<br />

(cem mil no Rio!), a solidariedade a Edson Luis, as escaramuças violentas com a polícia. O<br />

nome na relação dos sessenta líderes estudantis brasileiros participantes do XXX Congresso<br />

da UNE, em Ibiúna, com prisões preventivas decretadas. Expulsão, sem processo, da UFC.<br />

O mergulho na clandestinidade e nova namorada, Tereza. O casamento às escondidas.<br />

Outrora estudantes, agora clandestinos no eixo Recife-João Pessoa, onde Antônio<br />

Avertano Rocha e Clarice, Dona Augusta e professor Delby Medeiros, Cláudio Aguiar,<br />

Jesuíno D´Ávila e Norma, e José Terto Primo esmeraram-se em solidariedade.<br />

A ida para o Araguaia. A saída da região da guerrilha com a gravidez de Tereza. Nova<br />

prisão em Fortaleza e o nascimento, na clandestinidade, de nossa filha Izabela, a <strong>que</strong>m<br />

só vim a conhecer aos nove meses de idade. As torturas plurigeográficas nas mãos da<br />

repressão. A exigência do paradeiro de Tereza e Izabela. Paradeiro negado. A advocacia<br />

amiga do Acas (Antônio Carlos de Araújo Souza). A impossibilidade de contatar Tereza<br />

para preservá-la de cair nas mãos dos “torcionários”. A desesperada tentativa de suicídio.<br />

A soltura como isca para Tereza. A triste constatação da impossibilidade de permanecer<br />

no Brasil.<br />

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