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68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

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ato, <strong>que</strong> se tratava do nome de um grande revolucionário. Saí dali todo orgulhoso e só<br />

tempos depois vim saber da verdade. Quando fui cobrar do Lima, ele já tinha para me<br />

apresentar a biografia completa de Mazine, um grande líder e ativista dos carbonários<br />

italianos. Só pra não deixar passar, poucos anos mais tarde, o busto do tal Mazine Bueno<br />

foi expropriado e derretido para fazer finanças para a organização (o antigo MR-8 de<br />

Niterói).<br />

Nunca vou-me es<strong>que</strong>cer de uma frase sua para me inculcar ânimo, otimismo,<br />

autoconfiança, certa vez em <strong>que</strong> cobríamos um ponto e eu andava muito deprimido e<br />

triste.<br />

- Rapaz, você é um jovem cheio de energia e sonhos e agora tem uma responsabilidade<br />

muito maior com a vida, com a história, você é o Partido, o Partido anda com os seus pés,<br />

você fala pelo Partido.<br />

Saí dali com o moral lá em cima, disposto a tudo, a qual<strong>que</strong>r desafio. Ele estava sempre<br />

aberto para debater qual<strong>que</strong>r coisa, fossem posições políticas, um romance, o capítulo de<br />

um livro, temas filosóficos, culturais, pessoais.<br />

Na época da luta interna do Partido, às vésperas do VI Congresso, Apolonio estava no<br />

Comitê Estadual do Estado do Rio e integrava um das alas da oposição de es<strong>que</strong>rda, a<br />

chamada Corrente, junto com Mário Alves, Gorender e outros dirigentes. Eles achavam<br />

<strong>que</strong> ainda havia espaço para brigar dentro do Partido. Por outro lado, a juventude do<br />

Partido em Niterói estava ligada ao grupo chamado Dissidência, preparava-se para<br />

romper e, logo depois, iniciar o caminho da luta armada. Recordo-me das discussões<br />

muito duras <strong>que</strong> tivemos com Lima. Ele ainda defendia a permanência no Partido e ficou<br />

muito triste e chocado com a nossa saída. Lembro-me dele, quando aconselhava:<br />

- Sair do Partido? Não façam isso! O Partido é a nossa vida, não há perspectiva fora do<br />

Partido....<br />

Pouco tempo depois, a própria Corrente saía do Partido, de forma mais organizada <strong>que</strong><br />

nós e criava o PCBR. Mais tarde, vieram a clandestinidade, a prisão, o exílio e passei um<br />

longo tempo sem ver Apolônio. Fomos rever-nos, novamente, em Paris. Ele foi encontrarme<br />

junto com o René Louis, seu filho, <strong>que</strong> tinha sido banido junto comigo para o Chile,<br />

em Saint Denis, na casa do Átila – o ines<strong>que</strong>cível companheiro Valneri Antunes, morto<br />

em um trágico acidente de carro no Rio Grande do Sul, em 1986, quando era vereador<br />

<strong>68</strong> a geraçao <strong>que</strong> <strong>que</strong>ria mudar o mundo: <strong>relatos</strong> relaToS - ClaNDeSTiNiDaDe e SoliDarieDaDe 293

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