06.05.2013 Views

68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Raimundinho tinha sido preso, pela PE e levado para a Barão de Mesquita, no dia 5.<br />

Junto, levaram um dos irmãos, <strong>que</strong> reagiu na ocasião. Em princípio, foi sorte, pois ficou<br />

como testemunha e, assim como ocorreu com Rubem Paiva, ficamos sabendo do local da<br />

prisão inicial.<br />

Imaginem como foi a cerimônia do casamento! Pura tensão. Olhávamos para todos os<br />

lados, com desconfiança, para verificar se não havia policiais. Não pudemos festejar as<br />

bodas. As pessoas <strong>que</strong>ridas não poderiam estar presentes ou por<strong>que</strong> estavam presas ou<br />

escondidas... Não <strong>que</strong>ríamos levantar suspeitas...<br />

Viajamos pelo Brasil, em lugar de comemorar.<br />

No retorno, estivemos em São Paulo. Meia-noite, na Estação da Luz, <strong>que</strong> era perto da<br />

Estação Rodoviária, na época. Meia-noite, andando até a Rodoviária, passamos em frente<br />

ao DOPS. Nós não sabíamos onde o órgão ficava, nem tínhamos conhecimento disso,<br />

mas, me lembro, tinha um Brucutu estacionado em frente, o <strong>que</strong> nos alertou da presença<br />

da repressão. Que risco!<br />

Não fomos presos em momento algum.<br />

Mario Alves, no Rio, foi preso e assassinado em 16 de janeiro. No mesmo mês, Apolonio<br />

também foi preso. Sabíamos das notícias.<br />

Voltando ao DOPS.<br />

No exercício de dirigente sindical – bancários – viajei diversas vezes a São Paulo, há<br />

alguns anos. Numa dessas viagens, Encontro Nacional da CUT, fui à Luz e, como fica em<br />

frente, tentei entrar no famigerado prédio do DOPS. Não consegui ficar lá mais <strong>que</strong> cinco<br />

minutos. As recepcionistas não entenderam nada, nem foram formadas, ou informadas,<br />

para saber e entender o <strong>que</strong> acontecera dentro do prédio. Tive uma sensação de ver o<br />

passado exposto em uma vitrine.<br />

Saí todo alterado de lá. Pois é. Os fantasmas permanecem cada vez mais vivos. É bom<br />

mesmo não deixar <strong>que</strong> os fatos caiam no es<strong>que</strong>cimento.<br />

Agradeço a todas as pessoas <strong>que</strong> preservam a memória dos “ásperos tempos”.<br />

290

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!