06.05.2013 Views

68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Ao <strong>que</strong> ele corre, à sua maneira, corre, para anunciar ao grupo <strong>que</strong> discutia a luta contra<br />

a ditadura:<br />

- Cuidado! Um cego vem aí!<br />

Essas coisas vêm quando lembro a pessoa de Ra<strong>que</strong>l, a <strong>que</strong>m todos amávamos, de uma<br />

forma carnal ou de uma forma idealizada. Ra<strong>que</strong>l, a viúva, a <strong>que</strong>m tanto devemos, até<br />

mesmo a vida. É triste, esta é minha nota final, <strong>que</strong> pessoas tão indispensáveis quanto ela<br />

jamais recebam um agradecimento, um busto, uma página, quando falamos dos grandes<br />

vultos <strong>que</strong> amargaram e sonharam a revolução.<br />

14.4 a PriMeira noite na Clandestinidade<br />

(a gente também não es<strong>que</strong>ce)<br />

Júlio César Barros<br />

Lembro <strong>que</strong> era na segunda semana de agosto de 69 por causa do dia dos pais. Não estive<br />

presente junto de meus seis irmãos para abraçar e comemorar com o meu pai, fato<br />

inédito em nossa festiva família.<br />

Alegando necessidade de silêncio e sossego para estudar, eu mudara-me, no início de 69,<br />

para o apartamento da Freguesia, Ilha do Governador. Na verdade, a organização – MAR<br />

– precisava de infra-estrutura para operar e abrigar os militantes <strong>que</strong> preparavam a fuga<br />

dos presos da Lemos de Brito. Como o apartamento era de veraneio e ficava vazio a maior<br />

parte do ano, o Vitor – Zé Duarte – <strong>que</strong> havia saído da prisão e comandava as operações,<br />

foi morar lá.<br />

Após a fuga dos presos, continuamos usando o “aparelho” como base de operações na<br />

cidade e por lá passaram o Roberto Cieto – morto pela PE no DOI-CODI – e o André José<br />

Borges – <strong>que</strong> havia se perdido na mata e não conseguia chegar à cidade. Minha função<br />

era recolher o produto das expropriações e depositá-lo em minha conta no Banco Predial.<br />

Aos poucos, esses recursos eram utilizados para despesas da organização. Para isso,<br />

marcávamos um ponto e eu pegava a bolsa com dinheiro, sem despertar suspeitas e<br />

aliviava a “prova do crime” dos <strong>que</strong> participavam da ação.<br />

<strong>68</strong> a geraçao <strong>que</strong> <strong>que</strong>ria mudar o mundo: <strong>relatos</strong> relaToS - ClaNDeSTiNiDaDe e SoliDarieDaDe 273

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!